A estratégia por trás dos planos de Lula para Dilma Rousseff
Avaliação do presidente e do PT é que a ex-presidente não pode ser jogada na fogueira e olhar para fora do Brasil seria a melhor saída
A notícia de que Dilma Rousseff poderia assumir o comando do Banco dos Brics casa perfeitamente com a estratégia desenhada desde antes mesmo da campanha presidencial pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo PT. Ambos sempre olharam para Dilma com a premissa de que ela não poderia ser jogada na fogueira, apesar do desgaste que o processo de impeachment impõe à sua imagem. Como mostrou a coluna no fim do ano passado, a ideia de olhar para fora do Brasil sempre esteve no topo da lista de opções.
Lula entende que Dilma, apesar de ter sido removida da Presidência, manteve uma imagem relativamente preservada no exterior. Isso ocorre, em especial, junto a governos de esquerda, na visão do presidente. Lula também avalia que a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre seu próprio caso – o órgão entende que ele teve seus direitos políticos desrespeitados na Lava Jato – ajuda a reforçar a narrativa de que teria havido uma espécie de perseguição da esquerda no Brasil.
Atual presidente do Banco dos Brics, Marcos Troyjo, surge como a grande pedra no sapato desse plano, segundo o jornal Valor Econômico, que revelou a articulação. Indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ele seguiria resistente em renunciar ao posto, apesar de ter sido sondado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
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