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Caçador de Mitos Por Leandro Narloch Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
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Quem diria: há petróleo demais no mundo

  Estadão em 1981: alarme falso   A queda do preço do barril do petróleo está escancarando um mito antigo e aterrorizante: o de que as reservas do óleo vão se esgotar em breve. Passamos as últimas décadas ouvindo essa história e o que vemos em 2015 é o contrário. As reservas só aumentam – e […]

Por Leandro Narloch
Atualizado em 31 jul 2020, 02h19 - Publicado em 15 jan 2015, 11h39
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    Estadão em 1981: alarme falso

    Estadão em 1981: alarme falso

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    A queda do preço do barril do petróleo está escancarando um mito antigo e aterrorizante: o de que as reservas do óleo vão se esgotar em breve. Passamos as últimas décadas ouvindo essa história e o que vemos em 2015 é o contrário. As reservas só aumentam – e o preço do barril está barato porque há petróleo demais sendo produzindo no mundo.

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    Por coisas assim, eu torço para qualquer dia topar com o meu professor de geografia da escola. Ele costumava me apavorar com previsões alarmistas. “O petróleo vai acabar em 20 anos”, dizia. “E os carros serão abandonados por falta de gasolina.” Eu arregalava os olhos ressentido com a sociedade e aterrorizado com o futuro.

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    O terror sobre o fim do petróleo é tão antigo quanto seu refinamento. Em 1874, um geólogo da Pensilvânia, que na época concentrava a produção do óleo dos Estados Unidos, estimou que só haveria reservas para abastecer as lâmpadas de querosene por mais quatro anos. Mas ainda havia petróleo em 1919, quando a Scientific American previu que o recurso acabaria em 20 anos.

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    “Se o consumo seguir no nível atual, o petróleo do mundo deve desaparecer na primeira década do século 21”, escreveu, em 1977, o New York Times. “A reserva [mundial] de petróleo vai acabar no ano 2011”, cravou o Estadão em 1981.

    Líamos essas previsões no jornal e acreditávamos no filme Mad Max. Num futuro desértico, gangues de motociclistas sujos e malvados cometeriam qualquer crime para obter uma dose de gasolina. Bem como o meu professor de geografia tinha avisado!

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    Mas os anos passaram, e em vez do apocalipse veio a abundância. De 1874 até hoje, o estoque de petróleo cresceu centenas de vezes. Nos últimos 30 anos, as reservas comprovadas passaram de pouco mais de 600 bilhões para 1,6 trilhão de barris.

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    Ocorreu o que os otimistas e os economistas liberais previram. O mecanismo de incentivos dos preços livres resolveu a parada. A alta do petróleo em 1973 criou oportunidade de lucro para a pesquisa de novas reservas e tecnologias de extração. Também levou muita gente a poupar o recurso, por meio de motores mais eficientes ou fontes alternativas de energia. Aprendemos a produzir mais petróleo enquanto ficamos menos dependentes dele.

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    Só nos últimos quatro anos, por causa da extração de xisto, a produção dos Estados Unidos aumentou um terço. Os americanos produzem hoje 8,8 milhões de barris por dia. Estão encostando nos 9,7 milhões de barris da Arábia Saudita e nos 10 milhões da Rússia, a principal produtora mundial. É petróleo demais para um planeta em recessão.

    Analistas dizem que os árabes se recusaram a diminuir a produção de petróleo para manter o preço baixo e, assim, quebrar as empresas de xisto dos Estados Unidos, que não podem suportar prejuízo por tanto tempo quanto os árabes. O curioso é que essa estratégia é contrária à de 1973. Em vez de aumentar o preço – incentivando sem querer a concorrência – vão vender barato para tirar o incentivo de concorrentes e da pesquisa de novas tecnologias. Perverso, mas inteligente.

    O petróleo é um recurso finito e não renovável, então ok, é verdade, em algum momento a previsão do meu professor de geografia vai se realizar. Mas deve demorar um pouquinho mais do que ele previu – talvez um ou dois séculos. O certo é que, antes da crise de oferta, é a demanda que deve diminuir. Quando o petróleo desaparecer, já não precisaremos mais dele.

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