As pesquisas eleitorais informam que, por enquanto, mais de 70 milhões de brasileiros continuam de costas para todos os candidatos à Presidência da República. Essa multidão de dimensões amazônicas abrange os que pretendem abster-se, votar em branco ou anular o voto.
É verdade que, nestes trêfegos trópicos, a opção pelo nenhum sempre seduziu muita gente. Mas a aliança informal dos céticos, dos desiludidos e dos indignados ameaça transformar o Brasil de 2018 no avesso do antigo viveiro de profissionais da esperança.
Os inscritos na corrida rumo ao Planalto teimam em perder tempo com manobras e palavrórios forjados para roubar votos dos adversários. Deveriam concentrar-se na elaboração de programas, propostas e discursos que lhes permitam sintonizar-se com o coração e a alma de uma parcela expressiva da imensidão de decepcionados.
No mundo inteiro, líderes e partidos políticos vivem em busca de eleitores. No Brasil, 70 milhões de eleitores esperam ser encontrados por partidos políticos e líderes que falem com eles, falem sobre eles, falem por eles. Os sem-candidato de agosto vão decidir o duelo travado nas urnas de outubro.