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O verde em dois tons: entrevistas com Hélio Bicudo e Leonardo Boff

ENTREVISTAS PUBLICADAS NO GLOBO DESTA QUARTA-FEIRA Sérgio Roxo Os dois são figuras históricas da esquerda brasileira, ajudaram a fundar e estruturar o PT, mas, no primeiro turno, apoiaram a candidata do PV, Marina Silva. Agora, no segundo turno, adotaram caminhos opostos: o jurista Hélio Bicudo decidiu apoiar o candidato tucano à Presidência, José Serra, e […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 13h52 - Publicado em 21 out 2010, 15h22

ENTREVISTAS PUBLICADAS NO GLOBO DESTA QUARTA-FEIRA

Sérgio Roxo

Os dois são figuras históricas da esquerda brasileira, ajudaram a fundar e estruturar o PT, mas, no primeiro turno, apoiaram a candidata do PV, Marina Silva. Agora, no segundo turno, adotaram caminhos opostos: o jurista Hélio Bicudo decidiu apoiar o candidato tucano à Presidência, José Serra, e o teólogo Leonardo Boff, a petista Dilma Rousseff. Bicudo optou pelo PSDB porque teme que a permanência do partido comandado por Lula leve a uma “mexicanização da política brasileira”, piorando a corrupção que ele critica na atual gestão. Boff diz que corrupção faz parte da política, e que é inegável o sucesso da “ideia original” do Partido dos Trabalhadores — atender os marginalizados e excluídos. Num ponto, concordam o jurista e o teólogo que foi punido em 1984 pelo então cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, por sua defesa da Teologia da Libertação: o aborto e a religião não são temas para uma discussão entre candidatos a presidente. Bicudo lembra que, para mudar a lei sobre aborto, só com uma nova Constituição, e que o Estado brasileiro é laico. Boff, que defende a descriminalização do aborto, diz que o tema foi levantado pela oposição por falta de argumento. E teme que o fundamentalismo mostre uma “religião doente” que desagregue a sociedade brasileira.

Entrevista com Hélio Bicudo


Por que Serra?

Você tem dois candidatos: um que é o próprio Lula, e outro, que é diverso do Lula. Acho que democracia tem como fundamento a alternância no poder. Se você mantém o poder com o mesmo grupo, você vai ter uma mexicanização da política brasileira, porque entregando as coisas para um grupo só, elas vão se deteriorando. Já estão deterioradas pela corrupção. Além do fato de o Serra ter um currículo respeitável.

Petistas dizem que seu problema com o partido tem relação com o fato de não ter sido nomeado para um embaixada.

O Lula prometeu para a prefeita (de São Paulo) Marta Suplicy que, para eu não disputar novamente a vice-prefeitura (em 2004), reservaria um alto cargo para mim, provavelmente fora do país. Um dia, recebo um telefonema do chefe de gabinete do (ministro das Relações Exteriores Celso) Amorim, o (Antonio de Aguiar) Patriota. Ele me disse: “Temos aqui uma coisa interessante. Quem sabe o senhor gostaria de exercer o cargo de conselheiro da Unesco?”. Eu disse: “não sei o que faz um conselheiro da Unesco”. Ele disse: “É ótimo porque o senhor irá a Paris três vezes por ano, por conta do governo. São 15 dias cada vez”. É brincadeira. Você pode oferecer isso para o segundo time, não para mim. Não estava procurando sinecura nenhuma. Quando quero ir a Paris, vou às minhas custas, não às custas do governo.

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Como o senhor vê as discussões relacionadas ao aborto na campanha?

Do ponto de vista jurídico, é uma tolice falar em mudar a Constituição por emenda na questão do aborto. O direto à vida é um direto fundamental. Não pode ser mudado, a não ser por uma nova Constituição.

E a exploração das questões religiosas?

Não tem o menor sentido. Se o Brasil é um Estado laico, você não tem que discutir religião. Os dois lados estão equivocados.

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Entrevista com Leonardo Boff


Por que Dilma?

O PT é o espaço político que melhor atende marginalizados e excluídos, como fez ao incluir mais de 30 milhões de pessoas na sociedade brasileira

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E os escândalos, como o mensalão e o caso Erenice?

Não tenho uma visão moralista da política. O mundo da política é o mundo das diferenças, em que corrupção sempre houve. Diria que os 500 anos em que a classe dominante prevaleceu no Brasil foi um período de grande corrupção, em que o povo foi marginalizado, roubado. Condeno os erros, a sociedade deve denunciar. Mas nem por isso se destrói o projeto original, ainda válido.

Como vê a questão do aborto na campanha?

É um grande equívoco, porque não se trata de um plebiscito. É uma eleição. Esse tema foi induzido como espécie de álibi. Como o partido da oposição não tinha muito a oferecer, suscitou esse tema, que é extremamente emocional, divide o país e incita os grupos mais fundamentalistas das igrejas.

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O senhor acha que a legislação deveria ser mudada?

Defendo a descrimanalização do aborto.

E como o senhor vê os candidatos declararem fé?

Mostra que há uma religião doentia. Uma religião que quer interferir na política e não respeita o jogo democrático

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Mas não caberia aos candidatos impor um limite?

Evidente que os candidatos são envolvidos pelas questões e aí têm que fazer as suas declarações de fé. E aí escapam do campo que deveria ser o mais natural.

O senhor acha que Dilma também teve uma postura errada nessa questão?

Ela nunca partiu para a difamação, para o ódio. Sempre disse que a tradição brasileira é de convivência com as diferenças. Seria triste que por causa desse debate a religião se tornasse um elemento de desagregação.

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