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J.R. Guzzo: ‘Esperem o barítono’

Publicado na edição impressa de VEJA J.R. GUZZO A presidente Dilma Rousseff começou seu segundo governo com mais uma exibição desta sua estranha habilidade em escolher, entre todas as opções possíveis, sempre aquela que é a pior. Nem foi preciso esperar pelo discurso de posse, mais um fenômeno na arte de anunciar o bem e fazer […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 02h18 - Publicado em 18 jan 2015, 07h16

Publicado na edição impressa de VEJA

J.R. GUZZO

A presidente Dilma Rousseff começou seu segundo governo com mais uma exibição desta sua estranha habilidade em escolher, entre todas as opções possíveis, sempre aquela que é a pior. Nem foi preciso esperar pelo discurso de posse, mais um fenômeno na arte de anunciar o bem e fazer o mal que tanto atrai a presidente. Bastava, logo de cara, ver os seus ministros. Pelo manual mais elementar do bom-senso, deveriam ser os melhores entre os melhores. Mas Dilma é Dilma. Nomeou os piores que encontrou à disposição no momento, mais uma prodigiosa manada de nulidades, com apenas duas exceções, Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura — e mesmo aí conseguiu se meter em confusão, pois ambos já estão jurados de morte pelo PT e terão de gastar boa parte do seu horário de trabalho simplesmente tentando sobreviver. É típico da presidente: em 39 possibilidades, o número dos cargos que tinha a preencher, acertou duas. Obstinação? Como Dilma jamais explicará ao público nenhuma das escolhas que fez, fica realmente parecendo que estamos diante de um caso de ideia fixa. Em resumo: o ministério do seu segundo mandato é um hino à perseverança no erro.

O primeiro governo de Dilma foi um espetáculo praticamente sem intervalos de corrupção, incompetência coletiva e culto à farsa. O Brasil teve um crescimento miserável nos últimos quatro anos, fracasso para o qual não há desculpa. O melhor investimento possível, na média de 2011 para cá, foi o dólar, marca de todas as economias derrotadas; é o que há, em matéria de subdesenvolvimento. A presidente se irrita quando os fatos indicam que o Brasil é um país vira-lata — mas como governante ela insiste em fazer tudo o que pode para garantir que continuemos exatamente assim. Sua última contribuição é esse ministério. É como se Dilma, a exemplo do tenor vaiado que ameaça a plateia (“Esperem só o barítono”), estivesse dizendo: “Vocês acham que o meu primeiro governo foi ruim? Esperem só o segundo”.

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Vai-se ver a lista de novos ministros e quem está lá? Ninguém menos que Jader Barbalho, por exemplo. O nomeado é seu filho, mas nem Dilma acredita nisso; o ministro é Jader mesmo, ex-presidiário por denúncia de corrupção e gigante na história da treva política nacional. É a opção deliberada pelo deboche. Fica pior no Ministério da Educação, responsável por lidar com o problema estratégico número 1 do Brasil. Entre os 200 milhões de brasileiros hoje vivos, é impossível, pela lei das probabilidades, que não haja profissionais com competência para tirar a educação brasileira da miséria em que está enterrada. Mas Dilma nomeia o ex-governador Cid Gomes, do Ceará, um espetacular zé-ninguém na área.

O que fez esse Gomes, em toda a sua vida, que o tornasse capaz de ser promovido ao posto de maior autoridade na educação brasileira? O que ele sabe, além de pedir verba, gastar dinheiro e nomear amigos? O ponto de maior destaque em sua biografia é ter fretado um jatinho, quando governador, para um passeio com a sogra pela Europa. É o grande nome de Dilma para comandar a “Pátria Educadora”. Mais funesto ainda é o caso do Ministério do Esporte. Às vésperas da Olimpíada do Rio de Janeiro, Dilma veio com um pastor evangélico, um certo George Hilton, de um certo PRB; ninguém, até agora, tinha ouvido falar nem de um nem de outro. Quando se ouviu, foi para saber que o homem responde a catorze processos na Justiça e foi pego carregando caixas com 600 000 reais em dinheiro vivo, anos atrás, no Aeroporto da Pampulha.

Se isso não é insultar o público, o que seria? O Ministério dos Transportes (orçamento: 20 bilhões de reais) foi doado a um cidadão que até outro dia morava na Penitenciária da Papuda, cumprindo sentença por corrupção – o ex-deputado Valdemar “Boy” Costa, que colocou no cargo Antonio Rodrigues, réu em ação penal por improbidade. Ressuscitou para a Cultura um perdedor comprovado, Juca Ferreira. “A população brasileira não tem ideia dos desmandos que esse senhor promoveu à frente da cultura brasileira”, disse dele a senadora Marta Suplicy, do PT — sim, Marta, não a “mídia de direita”.

A presidente Dilma, há muitos anos, fez uma viagem para fora do Brasil, e provavelmente para fora do planeta Terra, ao confinar a si própria na cápsula segura do Planalto. Quando a polícia estourar a próxima central de roubalheira em seu governo, dirá que ficou “estarrecida” — e continuará convicta de que não tem culpa de nada. Ao permitir a entrada franca do crime organizado em seu ministério, Dilma, mais uma vez, torna muito difícil a posição de quem se esforça para ter alguma simpatia por ela.

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