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Especial VEJA: Amaury Kruel ─ Vai ou não vai? Foi

Publicado na edição impressa de VEJA Foram muitos os telefonemas entre o presidente João Goulart e o homem cujo apoio poderia mudar o equilíbrio de forças em 31 de março de 1964. Durante, depois e até hoje, pairaram dúvidas sobre o comportamento do general Amaury Kruel, o comandante do vital II Exército, em São Paulo. […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 04h06 - Publicado em 5 abr 2014, 08h56

Publicado na edição impressa de VEJA

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João Goulart e o general Amaury Kruel

Foram muitos os telefonemas entre o presidente João Goulart e o homem cujo apoio poderia mudar o equilíbrio de forças em 31 de março de 1964. Durante, depois e até hoje, pairaram dúvidas sobre o comportamento do general Amaury Kruel, o comandante do vital II Exército, em São Paulo. Algumas das dúvidas foram plantadas pelo próprio Kruel.

Como amigo, compadre e homem teoricamente de confiança do presidente, ele tinha compromissos que só perderiam o caráter de inquebrantáveis diante de uma força muito maior. Do seu ponto de vista, já tinha feito a escolha e conspirava em detalhes com os oficiais sob seu comando. A todos os outros, civis ou militares, disfarçava. “O general invocou, honradamente, seus deveres de lealdade pessoal e amizade ao presidente João Goulart. Estava, evidentemente, diante de um drama de consciência que não o diminui, antes o dignifica, acentuando que, ao mesmo tempo em que lhe repugnava um ato de deslealdade, não podia compactuar com os desmandos do governo”, relatou José Monteiro de Castro, um dos emissários do governador e líder conspiratório mineiro Magalhães Pinto.

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No livro João Goulart ─ Uma Biografia, no qual traça uma trajetória minuciosa e simpática ao presidente deposto, o historiador Jorge Ferreira relata o último diálogo de Jango com Kruel, depois do apelo final e frustrado do comandante para que mudasse de rumo. “Por que o general não vem ao Rio, conferenciar comigo e com os demais comandantes do Exército? Creio que arranjaremos as coisas”, propôs Jango, já sabendo a resposta. “Não posso atender, presidente. Tenho compromissos com a linha de conduta que tracei para mim desde quando ministro da Guerra, contra o comunismo e em defesa do Exército, e não posso traí-la.”

Ferreira assim resume o dilema: “Ambos defendiam princípios inegociáveis. Kruel corria o risco de perder a legitimidade de seu comando e, no limite, era fiel à sua instituição, mesmo que com o sacrifício da democracia; Goulart igualmente mantinha fidelidade às suas bases ─ as esquerdas e os sindicatos ─, embora, com isso, arriscasse as instituições democráticas”. Parte da tropa sob o comando de Kruel já estava em posições importantes em São Paulo. Parte foi colocada a caminho do Rio. Em Resende, encontraram a Rodovia Dutra já dominada por cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras.

Para a historiografia voltada à esquerda, a história de Kruel costuma acabar aí, com a aura de traidor e até de vendido. Na vida real, ele passou para a reserva e entrou para o MDB, o partido de oposição consentida. Em 1970, desistiu de se recandidatar a deputado. “O Congresso Nacional se encontra cassado em seu poder de decisão”, justificou. Sobre o regime que ajudou a instaurar, disse: “Sempre falavam em democracia, mas não a praticavam”.

Colaboradores: André Petry, Augusto Nunes, Carlos Graieb, Diogo Schelp, Duda Teixeira, Eurípedes Alcântara, Fábio Altman, Giuliano Guandalini, Jerônimo Teixeira, Juliana Linhares, Leslie Lestão, Otávio Cabral, Pedro Dias, Rinaldo Gama, Thaís Oyama e Vilma Gryzinski.

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