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Dilma esquece a contagem dos mortos para contar vantagem e troca a carranca de luto pelo sorriso de aeromoça de Tupolev

Quem ensinou a Dilma Rousseff que sisudez não rima com política precisa explicar-lhe urgentemente que, em certas ocasiões, a mostra de todos os dentes pode ser mais perturbadora que a carranca de bedel da escolinha de ministros. Foi assim na visita ao túmulo de Tancredo Neves, quando a candidata em campanha resolveu estrear num cemitério […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 13h00 - Publicado em 29 jan 2011, 15h53
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    Quem ensinou a Dilma Rousseff que sisudez não rima com política precisa explicar-lhe urgentemente que, em certas ocasiões, a mostra de todos os dentes pode ser mais perturbadora que a carranca de bedel da escolinha de ministros. Foi assim na visita ao túmulo de Tancredo Neves, quando a candidata em campanha resolveu estrear num cemitério o sorriso de aeromoça de Tupolev. Foi assim na quinta-feira, quando reprisou a alegria fora de hora na visita ao Centro de Operações do Rio.

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    Enquanto prossegue a contagem dos mortos na Região Serrana, a presidente, escoltada pelo também sorridente Sérgio Cabral, gastou o dia contando vantagem em parceria com Eduardo Paes. Teve de conter a euforia ao ouvir do prefeito que a cidade será monitorada 24 horas por dia pelo centro, concebido para identificar a tempo quaisquer perigos que possam resultar em situações de crise e exigir medidas de emergência. Desastres naturais semelhantes ao que devastou a Região Serrana, por exemplo, serão  detectados com dois dias de antecedência.

    “Aqui estamos vendo o futuro: vocês estão um passo à frente do Brasil”, festejou Dilma Rousseff. É outro palavrório cretino, mas não deixa de fazer sentido. Por estarem um passo à frente do resto do país, os cariocas terão 48 horas para tentar salvar-se por conta própria, simultaneamente, do dilúvio e da incompetência dos pais-da-pátria — uma associação letal cujo poder de destruição os habitantes da Região Serrana descobriram tarde demais.

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    Agora o país inteiro sabe que é inútil pedir socorro ao governo. Melhor rezar para não chover. O Sistema Nacional de Defesa Civil inventado por Lula só existe na papelada registrada em cartório que descreve um país do faz-de-conta. O Sistema Nacional de Prevenção e Alerta de Desastres Naturais prometido há dias por Dilma vai demorar pelo menos quatro anos. Se o Centro de Operações do Rio localizar uma tragédia em gestação, o governo federal não fará mais que antecipar os votos de solidariedade às famílias atingidas pela inclemência da natureza. O massacre ocorrido na Região Serrana foi anunciado não com dois dias de antecedência, mas quase mil. Nenhum dos governantes fez algo além de promessas.

    Na quinta-feira, Dilma, Cabral e Paes estavam sem tempo para os mortos deste  janeiro. (Eram 847 no fim da tarde de sexta-feira. Logo passarão de mil). A festinha no Centro de Operações foi armada para mostrar aos cartolas muito vivos da Fifa e do Comitê Olímpico que a cidade mais bela do mundo é também a mais segura. Está pronta para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Com chuva ou sem chuva.

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    O espetáculo do cinismo e da ganância não pode parar. O sorriso da turma ajuda a compor a expressão beatífica de quem sonha com verdes campos de dólares ou descansa à sombra das licitações em flor.

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