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“Brasil, 1º de Abril” e outras notas de Carlos Brickmann

O alvo não é só Temer, em fim de carreira. Há a Odebrecht, sempre ela. E quem assinou a lei que beneficia a Odebrecht, Dilma Rousseff

Por Carlos Brickmann
Atualizado em 30 jul 2020, 20h30 - Publicado em 1 abr 2018, 14h42
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  • Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

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    Ao contrário da História, que acontece como tragédia e se repete como farsa, a mentira acontece e se repete como farsa trágica. A história da prisão dos amigos de Temer (que, pelo jeito, logo não terá nem com quem comentar A Família Adams) é exemplar: foi detida uma das donas da empresa portuária Libra; foi detido o advogado José Yunes, suspeito de fazer a ponte entre as portuárias e seu amigo Temer; foi detido um dos donos da Rodrimar, outra portuária. Há investigações sobre eles, mas há uns vinte anos se ouvem histórias sobre as boas relações entre Temer e o porto. O alvo não é só Temer, em fim de carreira. Há a Odebrecht, sempre ela. E quem assinou a lei que beneficia a Odebrecht, Dilma Rousseff.

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    A história real começa lá por 2003, quando a Coimex comprou uma área fora do porto para erguer um terminal. Era ilegal: terminal, só em área de portos. A Coimex, com problemas, vendeu o terreno à Odebrecht, que não deu bola para a ilegalidade. Construiu um terminal de contêineres, o Embraport, sem investir um centavo: o financiamento foi do FI-FGTS, estatal, com os menores juros do país, no máximo 3% ao ano, e do BID, internacional, com garantia do Governo. Total, como levantou o repórter Cláudio Tognolli: R$ 1,8 bilhão, mais US$ 768 milhões, numa obra que não podia ser usada. Inaugurou o terminal em julho de 2013. E só em setembro Dilma assinou a lei que autorizava portos em terrenos privados.

     

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    Os fracos e os fortes

    Os envolvidos no enredo atual, parte dos últimos amigos ainda soltos do presidente Temer, são uma parte do alvo. A outra parte, bem mais interessante, é saber como a Odebrecht conseguiu dinheiro oficial, a juros de amigo, para construir uma obra fora da lei: e como é que o Governo, sabendo que a obra estava fora da lei, garantiu o empréstimo internacional. E quem foi o gênio da bola de cristal que adivinhou que a lei regularizando terminais em terrenos fora do porto sairia tão pouco tempo depois que aquele terminal ficasse pronto. Mãe Dinah perde de 7×1!

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    A Operação Lava Jato mostrou que a Odebrecht tinha pago, por favores na área em que estava interessada, propinas de R$ 137 milhões. Mas seria maldade atribuir a isso a coincidência na assinatura da lei por Dilma com a data da conclusão do terminal. Tudo não deve ter passado de coincidência.

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    Coincidência, de novo

    O advogado José Yunes, 80, a quem Temer considera tão amigo que o guarda do lado esquerdo do peito, escreveu um livro contra Paulo Maluf no início do Governo do PMDB em São Paulo. Chamava-se “Uma lufada que abalou São Paulo”, editado pela Paz e Terra. Por coincidência, Yunes foi detido pela Polícia no mesmo dia em que Maluf obteve a prisão domiciliar.

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    Cargo e função

    Em abril de 2016, José Yunes deixou vazar que, se Dilma caísse, ele seria assessor especial de seu amigo Michel Temer. “Serei aquele assessor com liberdade para fazer considerações positivas e negativas. Não levarei apenas notícias boas”. Durou três meses no cargo e levou a Temer muitas notícias ruins. A primeira: a delação premiada de Cláudio Mello Filho, da Odebrecht, segundo a qual o dinheiro para financiar as campanhas do PMDB paulista era entregue, em notas, no escritório de Yunes.

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    Desrespeito ao voto

    A população paulistana elegeu, em primeiro turno, a chapa João Dória – Bruno Covas para prefeito e vice-prefeito. É uma chapa puro-sangue, escolhida apenas entre tucanos. Deveriam compartilhar suas ideias.

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    Muita gente se escandalizou com a decisão de João Dória de deixar a Prefeitura para disputar o Governo do Estado. É verdade que Dória prometeu cumprir todo o mandato, e o está abandonando antes de completar dois anos no cargo. Mas é verdade, também, que o eleitor terá uma excelente oportunidade de dar sua opinião sobre a atitude de Dória: se a desaprovar, é só mudar de candidato. Escandalosa mesmo é a posição de Bruno Covas, cuja principal força é ser neto do falecido governador Mário Covas. Ele disse que, ao assumir no lugar de Dória, vai mudar sua política para algo mais semelhante ao que seu avô fazia. Pergunta-se: se Covas não concordava com as ideias de Dória, por que aceitou ser seu vice? Ninguém votou em seu nome: foi eleito como integrante da chapa do outro. Mudar aquilo em que o eleitor votou é desrespeitar o voto. Esta é sua posição?

     

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    Sempre ganha

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    Desemprego, crise, recessão? Isso é para os fracos; o lucro dos bancos do país subiu mais uma vez, como de hábito. Sete dos dez maiores bancos tiveram receitas crescentes; no total, os dez bancos somaram R$ 86 bilhões em lucros, 20,2% mais que os ganhos de 2016. Os bancos que mais ganharam, segundo o site Poder 360°, foram Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Santander, Safra e Votorantim.

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