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‘A garantia sumiu’, um artigo de J. R. Guzzo

TEXTO PUBLICADO NA REVISTA VEJA DESTA SEMANA J. R. Guzzo Eles, os ministros demitidos nestes dez últimos meses, vão embora, provavelmente rumo a um merecido esquecimento. O que fica nos lugares que desocuparam? Ou melhor: o que muda?  Agora já são seis; mais um pouco e já se poderia formar uma Associação dos Ex-Ministros do […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 10h13 - Publicado em 9 nov 2011, 14h37

TEXTO PUBLICADO NA REVISTA VEJA DESTA SEMANA

J. R. Guzzo

Eles, os ministros demitidos nestes dez últimos meses, vão embora, provavelmente rumo a um merecido esquecimento. O que fica nos lugares que desocuparam? Ou melhor: o que muda?  Agora já são seis; mais um pouco e já se poderia formar uma Associação dos Ex-Ministros do Governo Dilma Rousseff. Parece, em todo caso, que a quantidade de gente posta na rua até agora é suficiente para pensar em alterações no bioma onde vivem as nossas mais notáveis autoridades. O mais provável é que só com a passagem do tempo, muita pesquisa e trabalho sério será possível descobrir, no futuro, se toda essa mudança na fauna, vegetação e clima do mundo oficial deixou as coisas mais ou menos na mesma, ou se o país ganhou. Por exemplo: a demissão do ministro dos Transportes vai resultar em mais estradas? A demissão do ministro da Agricultura vai melhorar a agricultura? Haverá mais turistas? O cidadão comum praticará mais esporte? É muito positivo, sem dúvida, que a presidente Dilma Rousseff tenha mostrado que denúncias de corrupção podem causar perda de emprego para os envolvidos. Mas os governos existem, no fim das contas, para tornar a vida das pessoas mais cômoda. Se não fizerem isso, para que poderiam servir?

Desde já, provavelmente, dá para dizer uma coisa: pior do que estava não fica. Parece pouco, mas não é; a experiência brasileira mostra que sempre pode ficar pior. No caso, a impressão é que não ficou. Os substitutos, pelo menos até agora, não chamaram a atenção de ninguém por saírem da linha ou por provocarem uma nova bateria de acusações. Também é bom sinal que os infames contratos com entidades dedicadas à vigarice, atualmente uma das práticas mais populares para colocar dinheiro público em bolsos particulares, tenham sido suspensos temporariamente. Se houver aí um esforço verdadeiro para separar o joio do trigo, o Erário vai sair ganhando – naturalmente, desde que se guarde o trigo e não o joio, como tantas vezes acontece. O horizonte, ao mesmo tempo, parece menos carregado. Quando veio a primeira demissão, dava para perceber que muita água ainda ia rolar debaixo da ponte; os ministérios cinco-estrelas em matéria de corrupção, inépcia e desordem ainda não tinham sido tocados. Parece, agora, que as barras mais pesadas já foram atingidas; a esta altura ainda não se tem certeza de nada, claro, mas não há dúvida de que houve progressos, mesmo porque ninguém mais pode achar que está garantido no cargo. O ministro do Esporte, por exemplo, dizia pouco antes de ser demitido que era “indestrutível”.  Talvez fosse, mas o seu emprego de ministro com certeza não era.

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É interessante notar, nesta caminhada, uma outra particularidade: num país onde não existe oposição de verdade, e onde os institutos de opinião garantem que a presidente da República tem índices descomunais de popularidade, não haveria necessidade de demitir ministro nenhum. Para quê? Os acusados poderiam perfeitamente continuar em seus lugares. Mas não é o que está acontecendo. Depois de seis demissões seguidas, é visível que o Palácio do Planalto está preocupado com a opinião pública, e se sente na obrigação de dar satisfações a ela – não parece inclinado a conviver com o “malfeito”, como diz a presidente Dilma. Ou seja: ministros e outros mandarins da esfera superior do governo precisam tomar cuidado. Eles não têm como esconder, por exemplo, contratos ou pagamentos feitos nas suas áreas – e, mais do que tudo, não têm controle sobre o que sai na imprensa a respeito desses assuntos, ou quaisquer outros. É um problema e tanto. O que sai na imprensa, hoje, pode ter consequência direta, rápida e desastrosa para o doutor que circula em carro oficial e anda de elevador privativo. Não adianta ele dizer, quando seu nome aparece no noticiário de teor criminal, que “ninguém lê nada” ou que está havendo “uma campanha de difamação” contra o seu nome. Essa conversa continua, inclusive em volta da Presidência, mas é da boca para fora. Na vida real, todos sabem muito bem que a publicação de uma denúncia pesada, hoje em dia, pode ser o fim da linha. Também não adianta ter a TV Brasil, comprar blogs e manter veículos chapa-branca; essas coisas servem para elogiar, mas não seguram ninguém no emprego.

Quantos quilômetros a mais de estrada, e outros benefícios, vamos ter por conta da limpeza ora em curso? Como dito acima, vai se saber mais tarde. Sem o empenho de manter a casa limpa, porém, nada mudará para melhor.

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