O principal problema da Apple é ela mesma
As notícias têm sido desanimadoras para a Apple. Nos últimos três meses do ano, a venda de iPhones cresceu no menor ritmo desde o lançamento do aparelho, em 2007 – 0,4% em relação ao ano anterior. Em unidades, foi quase 1 milhão a menos do que previam analistas. Tudo indica, ainda, que os lucros da […]
As notícias têm sido desanimadoras para a Apple. Nos últimos três meses do ano, a venda de iPhones cresceu no menor ritmo desde o lançamento do aparelho, em 2007 – 0,4% em relação ao ano anterior. Em unidades, foi quase 1 milhão a menos do que previam analistas. Tudo indica, ainda, que os lucros da Apple vão cair neste ano, levando a companhia a perder o posto de maior do mundo para a Alphabet, dona do Google. Entretanto, os números escondem uma realidade muito mais sólida: a Apple continuará, por bom tempo, apresentando bons resultados; e o iPhone não desaparecerá tão cedo, pode ter certeza.
“A maioria das críticas surgem daqueles que gastam a maior parte do tempo analisando o mundo Apple, então é claro que eles são sensíveis ao assunto”, definiu bem o analista de mercado Horace Dediu, do site Asymco. Em outras palavras, muitas vezes quem está no mundo da tecnologia tende a aumentar as notícias em torno da empresa. Isso está em muito relacionado à aura mítica que se criou ao redor da companhia fundada pelo (também de aura mítica) Steve Jobs.
Na prática, a Apple apresentou o maior lucro já declarado por uma empresa na história: 18,4 bilhões de dólares em apenas três meses. Isso é maior, relativamente, que o PIB de dois terços dos países do mundo. Além disso, vamos combinar que vender quase 75 milhões de iPhones não é pouca coisa. Há quem aposte que, se realmente foi atingido o máximo de vendas do smartphone, no mínimo a empresa saberá aproveitar seu público de milhões de usuários para vender serviços, como os de assinatura, a exemplo do Apple Music. Ou seja, ela ainda é (e será) uma mina de ouro.
A pergunta central dessa tal “crise” da empresa: a Apple continuará onipresente nas nossas vidas e a apresentar lucros invejáveis nos próximos anos? Sim. Por que tanta gente dizendo que esse pode ser o início da queda, então? Isso é exagero.
Ocorre que se espera muito da Apple. A empresa pode ter atingido o seu máximo com o iPhone e o iPad. Foi (e ainda é) uma era incrível para esse colosso. Contudo, o iPhone já fará nove anos. O iPad, seis. Acostumados com o dinamismo da Apple, os applemaníacos estão há muito esperando por um lançamento de calibre similar.
Ou seja, a Apple do passado acabou por virar inimiga da Apple do presente. A marca tentou corresponder à antiga expectativa, só que suas últimas novidades – como o relógio Apple Watch e o app Apple News – não animaram o público. O que se refletiu em uma queda acentuada – 11% no último ano – nas ações. Isso quer dizer que acabou o circo da Apple? Não. Só aponta para uma provável estabilidade da empresa. Porém, uma estabilidade lá no topo da montanha.
Resta, é evidente, uma pergunta final: mas ela se manterá no cume em 10, 20, 30 anos? Neste momento, qualquer resposta se apoiaria apenas em especulação. Sim, a Apple pode cair. Assim como ela pode ganhar força. Por ora, a certeza é que a maçã nunca foi tão grande.
Para acompanhar este blog, siga-me no Twitter, em @FilipeVilicic, e no Facebook.