Mais casos de taxistas agressivos. Agora, com os próprios clientes (nem precisa ser do Uber)
Ontem, a carioca Joyce Rangel (menciono o nome apenas pelo post ser público) publicou o seguinte relato em seu perfil no Facebook, aqui reproduzido conforme o original: “Da série: UBER x Táxi Cara Easy Taxi, Ontem por volta de meia noite pedi um carro. Um taxista aceitou a corrida e minutos depois me enviou a […]
Ontem, a carioca Joyce Rangel (menciono o nome apenas pelo post ser público) publicou o seguinte relato em seu perfil no Facebook, aqui reproduzido conforme o original:
“Da série: UBER x Táxi
Cara Easy Taxi,
Ontem por volta de meia noite pedi um carro.
Um taxista aceitou a corrida e minutos depois me enviou a seguinte mensagem “Me ligue”. Pessoalmente, acho pouco cortês. Se quero falar com você, ligo eu mesma.
Mas não vamos entrar nesse mérito.
A estimativa de chegada do carro era de 8 minutos e o taxista começou a me ligar insistentemente. Ao atender a ligação falei com um senhor rude, de tom agressivo, que perguntava onde eu estava (oi?) e porque cancelei a corrida.
Por bem e muito influenciada pelo tom deste prestador de serviço, decidi de fato cancelar a corrida e tentar novamente com outro motorista. Já estava tarde e não queria me indispor ou correr o risco de entrar em um carro com um senhor tão alterado e sem educação.
O taxista não parou de me ligar e deixou na minha caixa postal a mensagem deste vídeo.
CUIDADO: Tem muito palavrão e agressividade.
E viva o Uber!
Obs ¹: Como a corrida não foi finalizada não fica o registro dos dados do Taxista. Espero que o número de celular e esta mensagem sirvam para que a empresa tome providências.
Obs ²: Com a Uber tenho o histórico de todas as corridas, incluindo as canceladas.”
A mensagem pode ser escutada neste link. Dentre as ofensas, o taxista chamou a cliente de “arrombada” – o que, dentre outras questões pertinentes, foi uma forma machista, por utilizar o gênero de seu alvo, de insultá-la.
Também ontem, via Facebook, uma curitibana compartilhou a seguinte experiência ruim (mantenho literalmente como foi digitado, incluindo alguns erros gramaticais, e somente cortando pequenos trechos):
“ontem no final da tarde cheguei na Rodoviária de Porto Alegre e fui pra fila dos táxis (…) um carro antigo, sem ar condiconado e com um cheiro ruim. (…) o motorista ficou incomodado em ter que sair do carro e colocar minha mala no porta-malas (…) Cheguei ao meu destino e o taximetro marcou 17 reais porém, ele me cobrou 20 pois, a taxa em Porto Alegre está sendo cobrada pela tabela. Como não sou da cidade e não sabia dessa informação, olhei pra ele e disse: – Não moço é o preço do taximetro. Ele pegou a tabela e ( alterado) batia a mão nela dizendo: – é o preco da tabela tu não sabe? Tu acha que eu sou o que? (muito alterado) Eu peguei uma nota de 100 reais e entreguei pra ele. E ele me disse: -Tu acha o que? É a minha primeira corrida e tu me dá 100 reais. Eu não tenho troco. Eu muito assustada tentei achar troco na minha carteira e dei pra ele. Ele ficou segurando a minha nota de 100 reais e dizia:-So devolvo se você der o meu dinheiro. Ele me devolveu. Desci do carro tremendo, com medo que ele ligasse o carro e fosse embora com a minha mala. Ele desceu, me devolveu a mala e disse: IDIOTA! Eu tirei um foto da placa e ele disse: Pode mandar lá pra EPTC. Eles não vão fazer nada mesmo”
Quem é EPTC? A Empresa Pública de Transporte e Circulação. Em resposta publicada na internet, o órgão disse que investigará o caso.
Vamos, antes de tudo, sair da peleja dos taxistas contra o Uber. O que os casos acima mostram é que comportamentos ofensivos contra clientes não são mais aceitos. Por quê? Pela simples existência da internet e, principalmente, de redes sociais. Fez besteira? Há sempre a chance de o caso ir parar no Facebook. Aí há consequências.
A EPTC, por exemplo, que, segundo o motorista, nada ia fazer, deve punir o agressor. No primeiro caso, a empresa por trás do aplicativo Easy Taxi baniu o taxista de seu sistema. Em ambas as situações, entretanto, peca-se pela falta de alternativas para os passageiros reclamarem imediatamente (por exemplo, por meio de um recurso de “alerta” no aplicativo).
Voltemos, agora, à briga dos sindicatos de taxistas contra o moderno app de motoristas Uber. Por que eles estão perdendo esse conflito? O motivo principal: o Uber oferece um serviço comprovadamente melhor para os usuários. Por que seus motoristas são naturalmente gentis? Claro que não. Tanto de um lado, quanto de outro, há profissionais, suscetíveis a erros. Contudo, do lado do Uber é mais difícil errar.
Um dos elementos que o Uber trouxe de novo foi justamente a possibilidade de os próprios clientes poderem avaliar os condutores. E quem não passa no crivo chega a perder o emprego. Por isso, os motoristas não vacilam. Além disso, quem adere ao aplicativo tem, pelo óbvio, um smartphone, pelo qual pode avisar, imediatamente, quem for, sobre problemas na corrida – a empresa, inclusive, testa em alguns países opções de botões de alerta.
Em um resumo, quando o motorista do Uber (serviço que, segundo levantamento do Datafolha, 78% dos brasileiros querem regularizar no país) recebe um passageiro ele sabe que: 1. Está sendo avaliado 2. Precisa fazer um bom serviço 3. Ou pode perder o ganha-pão. Do outro lado, parece que uma parcela dos taxistas ainda se julga imune, superior aos seus clientes. Não entenderam que no mundo contemporâneo eles (assim como qualquer um) são sempre vigiados – e seus excessos acabam por parar no Facebook, no YouTube… e, com isso, podem perder o ganha-pão.
Para acompanhar este blog, siga-me no Twitter, em @FilipeVilicic, e no Facebook.
(Com reportagem de Luiza Donatelli)