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Substância presente em creme antirrugas pode ajudar a reduzir os danos cerebrais da doença de Parkinson

Em testes feitos em laboratório, a kinetina ajudou a evitar a morte de neurônios

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h17 - Publicado em 27 ago 2013, 12h44
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  • Pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram que uma substância encontrada em um creme antirrugas pode ajudar a evitar a morte de neurônios. Um estudo preliminar, feito em laboratório, indica que essa estratégia pode reduzir os danos cerebrais causados pela doença de Parkinson. Os resultados foram publicados na última quinta-feira, no periódico Cell.

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    Título original: A Neo-Substrate that Amplifies Catalytic Activity of Parkinson’s-Disease-Related Kinase PINK1

    Onde foi divulgada: periódico Cell

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    Quem fez: Nicholas T. Hertz, Amandine Berthet, Martin L. Sos, Kurt S. Thorn, Al L. Burlingame, Ken Nakamura e Kevan M. Shokat

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    Instituição: Universidade da Califórnia, EUA

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    Resultado: Os pesquisadores descobriram que uma substâncoa presente em cremes antirrugas, a kinetina, pode reduzir os danos neuronais causados pela doença de Parkinson.

    Para os pesquisadores, o fato de essa molécula, denominada kinetina (kinetin, em inglês), estar em um produto já comercializado é uma vantagem, pois já se sabe, a partir disso, que ela é segura para os seres humanos. Atualmente, Kevan Shokat, principal autor do estudo, e sua equipe de pesquisadores estão realizando testes em camundongos.

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    Tremores, dificuldades de movimentação e até de fala são alguns dos sintomas do Parkinson, causados pela morte acelerada de neurônios. Um dos fatores relacionados ao desenvolvimento da doença é a diminuição da atividade da proteína PINK1, que afeta o funcionamento das mitocôndrias, organelas que convertem a energia proveniente dos alimentos em moléculas de ATP, forma de energia utilizada pelas células.

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    A PINK1 está relacionada com a entrada de outra proteína, denominada Parkin, nas células em que existem mitocôndrias danificadas, ajudando-as a sobreviver. Em pessoas que possuem uma mutação hereditária que leva a uma diminuição da PINK1, a Parkin não chega às mitocôndrias, o que leva a uma frequência de morte de neurônios acima do normal.

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    Desafio – Buscando uma solução para o problema, os pesquisadores decidiram tentar aumentar a atividade da PINK1. Porém, aumentar a atividade de uma enzima que pode sofrer mutações é geralmente mais difícil do que bloqueá-la.

    “Quando iniciamos este projeto, nós pensamos que não haveria um meio de fazer alguma coisa aumentar diretamente a ação da enzima”, disse Shokat. “Para cada enzima que nós sabemos que causa uma doença, nós temos maneiras de criar inibidores, mas não de aumentar sua atividade”, completa o pesquisador.

    A equipe começou a estudar a maneira como a PINK1 se liga às moléculas de ATP. Em um dos testes, eles utilizaram uma versão modificada de ATP e, para sua surpresa, observaram que ela se ligava à enzima, mesmo tendo um formato levemente distinto da ATP original. Tratava-se da kinetina (KTP), a substância encontrada nos cremes antirrugas.

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    A KTP foi capaz de aumentar a atividade não só da PINK1 comum, mas também da versão com a mutação hereditária, que não se liga à ATP comum. Os pesquisadores mediram a atividade da PINK1 e suas consequências, como a quantidade de Parkin recrutada para as mitocôndrias e os níveis de morte celular – e todos os resultados foram melhorados.

    “Nós temos aqui um alvo molecular importante para estudos genéticos da doença de Parkinson. E agora temos uma droga que atua especificamente neste alvo e reverte as causas celulares da doença”, afirma Shokat.

    Para os pesquisadores, o fato de resultados semelhantes terem sido encontrados tanto na PINK1 com mutações quanto sem indica que a KTP poderia ser utilizada não só para tratar pacientes com a doença hereditária, mas também para desacelerar sua progressão em pessoas que não têm histórico familiar da doença.

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    Opinião do especialista

    Ivan Okamoto

    Neurologista do Hospital Albert Einstein

    “Este é um estudo ainda muito inicial, feito a nível bioquímico. Ainda serão necessários muitos estudos para replicar esses resultados e determinar se essa estratégia pode ou não funcionar em pacientes – algo como 15 a 20 anos de pesquisas, desde a bancada do laboratório, testes em animais e, finalmente, em seres humanos. A proteína PINK1 já tem sido alvo de pesquisas para o Parkinson, assim como outras substâncias com potencial de agir sobre ela.

    A doença de Parkinson é causada por um acúmulo lento de degeneração cerebral, uma cascata de eventos que acontecem no cérebro do paciente. Como se trata de morte neural, seria preciso iniciar um tratamento anos antes do aparecimento dos sintomas. O grande problema é que nós ainda não temos como identificar os pacientes que deveriam receber um possível tratamento. O diagnóstico da doença é feito com base em sintomas e sinais que o paciente apresenta, e não foi encontrado ainda um marcador biológico para o Parkinson – como é o caso, por exemplo, do nível de açúcar no sangue, que é um bom marcador para o diabetes”.

    *O conteúdo destes vídeos é um serviço de informação e não pode substituir uma consulta médica. Em caso de problemas de saúde, procure um médico.

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