Um robô cozinheiro, um livro de colorir com desenhos que ganham vida virtual, filmes capazes de “ler” o cérebro do espectador, um vestido que fica transparente em função das batidas do coração… tais são as invenções, úteis ou não, apresentadas no salão de tecnologias de Hong Kong.
Inventores, distribuidores e comerciantes reuniram-se nesta semana em Hong Kong para a primeira edição asiática do SIGGRAPH, salão especializado em grafismo e mídia digitais, acompanhados de tecnologias interativas.
Mas os objetos mais estranhos – protótipos, ainda não comercializados – ficam no hall de “tecnologias emergentes”.
Os cientistas criaram um livro de colorir cujas imagens, projetadas na tela de um computador, ganham vida: o kiwi (pássaro) que a criança acaba de colorir belisca minhocas no vaso.
Ao contrário da realidade virtual, que substitui o mundo real por um mundo digital, “a realidade dimensionada” mistura os dois mundos.
Um robô permite afagar o parceiro a distância e vibra quando a pessoa em questão toca a tela de seu aparelho. “Pode-se, também, ter um contato físico” jogando com amigos que estão longe, declarou Mark Billinghurst, diretor do Human Interface Technology Laboratory da Universidade de Canterbury, Nova Zelândia.
Segundo ele, a pesquisa, hoje, apaga as barreiras físicas e mentais entre os humanos e os computadores.
“Nós entramos na era do que podemos chamar ‘informática invisível’. Posso interagir com o mundo de maneira normal, e a informática segue o que faço e reage automaticamente”, comenta.
Assim, um filme varia seu grau de violência em função dos impulsos elétricos detectados por eletrodos ligados ao crânio do espectador.
Um papel muda de cor de acordo com a mão que o toca e um vestido fica transparente na medida em que os batimentos do coração da pessoa que o usa se aceleram…
Mais “viril”, um robô envia informações através de um cinto vibrador usado pela pessoa. “É o tipo de coisa que se pode ver num filme Terminator”, destaca Mark Billinghurst.
Dzmitry Tsetserukou, um bielorrusso que ajudou a desenvolver este robô, junto com a universidade Toyohashi de Tecnologia (Japão), usa óculos especiais pretos para ver as imagens retransmitidas pelos “olhos” do robô, ao mesmo tempo em que o cinto o resguarda de obstáculos em torno.
“Nosso corpo é como uma alavanca (…), é intuitivo”, comenta sobriamente.
Sempre no Japão, as universidades Keio e de Tóquio desenvolveram o Cooky, um pequeno robô capaz de preparar uma refeição trivial, enquanto seu proprietário assiste à televisão ou toma um banho. Só falta a ele cortar os ingredientes.
“É um robô simples. É preciso preparar para ele o que vai cozinhar. Mas, no futuro, poderá fazer tudo sozinho”, afirma o cientista Daisuke Sakamoto.