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Reino Unido registra nascimento de bebês com DNA de três pessoas

O tratamento de doação mitocondrial utiliza tecidos de óvulos de doadoras para gerar embriões livres de mutações nocivas transmitidas por mães biológicas

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 Maio 2023, 16h59 - Publicado em 11 Maio 2023, 16h25

Nasceram no Reino Unido os primeiros bebês britânicos com DNA composto por material genético de três pessoas. Isso foi possível depois que médicos realizaram um procedimento, ainda em fase de testes, de fertilização in vitro. Esse tipo de técnica visa impedir que as crianças venham ao mundo com doenças incuráveis herdadas do DNA mitocondrial de suas mães. O procedimento já havia sido realizado há cerca de 8 anos nos Estados Unidos.

A Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana (HFEA), agência reguladora de fertilidade do Reino Unido, confirmou que menos de cinco crianças britânicas nasceram usando o procedimento em abril de 2023. A confirmação veio em resposta a um pedido de liberdade de informação do jornal The Guardian. O HFEA não forneceu mais informações sobre o procedimento ou sobre as crianças.

O tratamento de doação mitocondrial (MDT, na sigla em inglês), utiliza tecidos de óvulos de doadoras saudáveis para gerar embriões livres de mutações nocivas carregadas pelas mães, e que tem grande chance de serem transmitidas geneticamente. No procedimento em questão, o material nuclear das mães biológicas é separado do óvulo afetado por mitocôndrias nocivas e inserido no óvulo de uma doadora cujo material nuclear foi descartado, mantendo apenas as mitocôndrias saudáveis. Quando a troca é concluída, o óvulo é fecundado, mantendo assim três diferentes DNA, o paterno, o materno e o da doadora, presente apenas no DNA mitocondrial.

As mitocôndrias são minúsculas organelas que funcionam como uma espécie de bateria celular, fornecendo energia para as atividades das células. Com o MDT, o bebê resultante herda cerca de 37 genes da doadora. Embora o procedimento tenha criado a ideia de um bebê com “três pais”, isso não é exatamente verdadeiro, dado que mais de 99,8% do DNA da criança continua sendo do pai e da mãe.

Esse tipo de técnica é destinada a mulheres com mitocôndrias mutantes, que podem transmitir uma série de anomalias para as gerações futuras. Como nós herdamos todas as nossas mitocôndrias de nossas mães, um comportamento mutante pode afetar todos os filhos que uma mulher possa gerar durante a vida. 

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Para mulheres com esse tipo de condição, a concepção natural pode ser uma loteria. Alguns bebês podem herdar uma pequena proporção de mitocôndrias mutantes, nascendo saudáveis. Enquanto outros podem desenvolver doenças graves, progressivas e até mesmo fatais. Estima-se que um em cada 6 mil bebês podem ser afetados por anomalias de origem mitocondrial.

A maioria dos 20.000 genes de um ser humano está enrolada no núcleo de quase todas as células do corpo. Mas ao redor de cada núcleo estão milhares de mitocôndrias com seus próprios genes. As mutações que danificam as mitocôndrias tendem a afetar mais os tecidos que consomem muita energia, como o cérebro, o coração, os músculos e o fígado. Estes podem se deteriorar à medida que a criança afetada cresce.

Embora as primeiras notícias de bebês com três materiais genéticos estejam sendo divulgadas agora no Reino Unido, o país não é o primeiro a estabelecer o procedimento. Em 2016, os Estados Unidos anunciaram o primeiro bebê MDT do mundo. Ele nasceu de uma mulher jordaniana que carregava mutações mitocondriais que transmitiam uma condição fatal chamada síndrome de Leigh. Antes do tratamento, a mãe sofreu quatro abortos espontâneos e perdeu dois filhos antes que chegassem aos sete anos.

Embora seja muito promissor, o procedimento não é isento de riscos. Em alguns casos, uma pequena quantidade de mitocôndrias anormais podem ser transferidas do óvulo materno para o óvulo doado e se multiplicar quando o bebê está no útero. Nesses casos, há chances do bebê desenvolver doenças. Apesar disso, a técnica está sendo aprimorada e seu uso vem sendo paulatinamente ampliado no Reino Unido.

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