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Pesquisadores descobrem rios de 14 milhões de anos sob o gelo da Antártida

Paisagem preservada dá indício de como continente pode mudar pós aquecimento global

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 out 2023, 12h38

A emergência das mudanças climáticas levanta dúvidas sobre como o planeta deverá se adaptar às temperaturas mais altas. É fato que as regiões congeladas serão as mais afetadas e um estudo publicado nesta terça-feira, 24, dá indícios de como isso pode se desenvolver. De acordo com o trabalho, rios congelados há mais de 14 milhões de anos sob o gelo da Antártida podem emergir se o ritmo de aquecimento se mantiver como está. 

Hoje, a região oriental da Antártida é banhada pela parte mais fria do oceano austral e, dessa maneira, mantém uma camada estável de gelo que resiste ao aquecimento da atmosfera. Isso, no entanto, nem sempre foi assim. De acordo com o artigo publicado na Nature Communications, a temperatura na Terra era pelo menos 3ºC mais quente entre 34 e 14 milhões de anos atrás, o que possibilitou que as terras altas da região fossem esculpidas por dois rios profundos. 

Para fazer essa investigação, os pesquisadores da Universidade Durham, no Reino Unido, utilizaram dados de satélite e dados de radares que conseguem enxergar através da camada de gelo. Foi assim que eles identificaram os corpos d’água que estão congelados a 350 quilômetros de profundidade desde o resfriamento da Terra, há 14 milhões de anos. 

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PAISAGEM ANCESTRAL – Antártida: ilustração mostra sobreposição entre região como é atualmente (acima) e como era há 14 milhões de anos (Stewart Jamieson/Divulgação)

Os cientistas alertam, entretanto, que a temperatura da Terra está mudando rapidamente e que quando a média de temperatura se igualar às daquele período, a estabilidade do gelo não deve se manter. Isso preocupa especialistas e ambientalistas porque a região oriental da Antártica guarda a maior parte do gelo congelado do continente – suficiente para elevar o nível dos oceanos em nada menos que 52 metros. 

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A região ocidental do continente antártico já está em risco e trabalhos recentes sugerem que seu degelo é inevitável, mesmo sob condições conservadoras de aquecimento. Um outro trabalho, divulgado esse ano no mesmo periódico científico revela que apesar da estabilidade da região oriental, as mudanças climáticas podem levar ao aquecimento do oceano que o circunda, o que poderia levar a um início do derretimento dentro dos próximos 200 anos. 

Apesar dos alertas cada vez mais urgentes, poucas medidas efetivas têm sido tomadas para amenizar o ritmo de aquecimento e degradação ambiental.

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