Pesquisa ajuda a prever quais tipos de vírus da gripe vão causar maiores danos à saúde
Resultados podem auxiliar a produzir vacinas mais eficientes a cada temporada
Cientistas criaram um novo modelo para prever a evolução do vírus da gripe de um ano para o outro. A descoberta pode ajudar a selecionar as cepas que serão utilizadas para a produção de novas vacinas. Os resultados foram publicados na revista Nature, nesta quarta-feira.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: A predictive fitness model for influenza
Onde foi divulgada: periódico Nature
Quem fez: Marta Łuksza e Michael Lässig
Instituição: Universidade de Colônia, na Alemanha, e Universidade Columbia, nos Estados Unidos
Resultado: Os pesquisadores criaram uma técnica para prever quais mutações do vírus da gripe serão mais bem-sucedidas em infectar humanos na próxima temporada. A descoberta pode ajudar a desenvolver vacinas mais eficazes.
A gripe é uma das principais doenças infecciosas que atingem o homem. Instituições como a Organização Mundial de Saúde (OMS) monitoram há décadas as cepas sazonais do vírus – que sofre transformações frequentes – e, com base nesses dados, alguns deles são selecionados para a produção da vacina, duas vezes por ano.
A evolução do vírus é um processo complexo, no qual diferentes cepas competem entre si, em uma espécie de corrida para ver qual será mais bem-sucedida em infectar os humanos. Para ajudar na produção de vacinas, os pesquisadores buscaram prever quais tipos do vírus seriam os “vencedores”.
Segundo Marta Łuksza, pesquisadora da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e uma das autoras da descoberta, o trabalho representou um desafio do ponto de vista científico, já que existem poucos sistemas na natureza em que previsões quantitativas da evolução são possíveis. “Enquanto o pensamento evolucionista tradicional se preocupa com a reconstituição do passado, nós tivemos que desenvolver ideias de como alcançar o futuro”, explica.
Tendo como ponto de partida o princípio darwiniano da sobrevivência do mais apto, os pesquisadores determinaram o que torna o vírus mais adequado para seu papel de infectar humanos: manter uma taxa elevada de mutações, para escapar à resposta imune de cada um, e ser capaz de se conservar, já que as mutações podem afetar funções essenciais do vírus, como a produção de proteínas. Estudando o genoma do vírus, eles conseguiram prever quais cepas tinham as melhores combinações desses dois fatores – e, assim, chances de infectar muitas pessoas. Apesar de ser voltada para a gripe, a pesquisa mostra uma ligação entre a evolução e suas consequências epidemiológicas, que é relevante para qualquer patógeno de evolução rápida.
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