Mudanças climáticas teriam extinto animais gigantes na Austrália
Novo estudo refuta hipótese de que os seres humanos teriam sido os responsáveis pela extinção desses animais pré-históricos
Acreditava-se que a chegada dos humanos ao território onde atualmente fica a Austrália, entre 50.000 e 40.000 anos atrás, teria determinado a extinção da maior parte dos animais gigantes que viviam na região. Uma nova pesquisa, que revisou as evidências existentes sobre o assunto, apresenta um contraponto a essa hipótese. Segundo o estudo, as mudanças climáticas seriam a causa da extinção da megafauna (conjunto de animais gigantes) local.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Climate change frames debate over the extinction of megafauna in Sahul (Pleistocene Australia-New Guinea)
Onde foi divulgada: periódico Proceedings of the National Academy of Sciences
Quem fez: Stephen Wroe, Judith H. Field, Michael Archer, Donald K. Grayson, Gilbert J. Price, Julien Louys, J. Tyler Faith, Gregory E. Webb, Iain Davidson e Scott D. Mooney
Instituição: Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália
Resultado: A pesquisa revisa estudos recentes e conclui que o homem não foi a causa da extinção da megafauna da Austrália, mas sim as mudanças climáticas
“A ideia de que os humanos causaram a extinção desses animais se baseia em suposições que têm se mostrado incorretas. Os humanos desempenharam um papel na extinção daquelas espécies que ainda tinham sobreviventes quando as pessoas chegaram, mas isso também precisa ser comprovado”, diz Stephen Wroe, autor do estudo e professor da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália. De acordo com ele, nunca houve evidências diretas de humanos caçando a megafauna na Austrália, nem mesmo de ferramentas apropriadas para a caça de animais desse porte.
Animais extintos – Cerca de 90 espécies gigantes habitavam a região, que inclui a Austrália continental, Nova Guiné e Tasmânia. Entre eles estavam o diprotodonte (Diprotodon), o maior marsupial que já existiu, com tamanho semelhante a um rinoceronte, o Procoptodon goliah, um tipo de canguru gigante, e o leão marsupial (Thylacoleo), de dentes afiados e tamanho semelhante ao de um leopardo.
De acordo com o artigo, publicado nesta segunda-feira no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), só há evidências de oito a 14 espécies de megafauna que ainda existiam quando o homem chegou à região. Cerca de 50 já estão fora dos registros fósseis dos últimos 130.000 anos.
Mudanças climáticas – De acordo com Wroe, estudos recentes sugerem que o desaparecimento da megafauna se deu durante dezenas, se não centenas de anos, e que foi impulsionado por mudanças climáticas drásticas.
Ainda segundo o pesquisador, as hipóteses de que os humanos seriam os culpados se baseavam nas práticas aborígenes de provocar queimadas nas florestas, mas esses estudos mostram que as queimadas se intensificaram antes da chegada dos humanos, e por isso estariam também relacionadas às mudanças climáticas.
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