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Livro defende mudança na escala geológica para inclusão da ‘idade do homem’

Nova época, batizada Antropoceno, marcaria a interferência humana no clima, a acidificação dos oceanos, a erosão dos solos e a ameaça à biodiversidade

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h11 - Publicado em 5 jan 2011, 17h07

Segundo os teóricos, o começo do Antropoceno se deu há pouco mais de 200 anos, com a invenção da máquina a vapor

A presença do homem no planeta é ínfima em termos geológicos, mas sua interferência no clima e no equilíbrio natural é gigantesca. Por isso, o período em que vivemos deveria ser considerado uma era geológica à parte: o “Antropoceno”. Essa é a ideia central do novo livro Voyage dans l’Anthropocène (Viagem ao Antropoceno, sem edição brasileira), do glaciólogo francês Claude Lorius, pioneiro dos estudos sobre o clima.

Escrito em parceria com o jornalista Laurent Carpentier, a obra fundamenta o ‘Antropoceno’ – uma nova época geológica do Quaternário, consecutiva ao Holoceno (que começou há 11.500 anos). O termo foi cunhado no ano 2000 por Paul Crutzen, geoquímico holandês e vencedor do prêmio Nobel de Química de 1995, para distinguir uma época marcado pela interferência do homem no clima, a acidificação dos oceanos, a erosão dos solos e a ameaça à biodiversidade.

Claude Lorius acredita que vivemos no ‘Antropoceno’, período geológico em que o homem ‘desregulou a máquina do mundo’ ()
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O tema é controverso, mas grande parte dos teóricos concorda que o início do Antropoceno deva ser fixado 200 anos atrás, com o surgimento da máquina a vapor. A partir desta invenção, o homem acelerou as emissões de CO2 e ‘desregulou a máquina do mundo’, afirma Lorius. “O homem é um agente determinante da vida sobre a Terra”, explica o especialista de 78 anos que, em 2008, recebeu o prêmio Blue Planet em reconhecimento às pesquisas que desenvolve.

Mudanças – Se a idade do planeta fosse comparada à duração de um ano, os seres humanos teriam surgido apenas no dia 31 de dezembro às 23h37. A máquina a vapor teria sido inventado faltando pouco mais de um segundo para o réveillon. “Se existe um indicador da atividade humana, esse é o gás carbônico. Se queimamos uma floresta, fazemos uma fábrica funcionar, dirigimos um carro, tudo isso é CO2”, afirma Lorius.

O autor acredita que o Antropoceno poderá ser acrescentado oficialmente à tabela das eras geológicas no 34º Congresso Internacional de Geologia que será realizado de 5 a 10 de agosto de 2012 em Brisbane, Austrália. “Para nós, no entanto, esta nova era já é uma realidade”, acrescenta o especialista em geleiras, que contribui desde os anos 50 para o estudo da evolução do clima mediante a análise das bolhas de ar presas no gelo há milênios.

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Pesquisa – Lorius foi um dos primeiros a vincular o aumento das temperaturas e a crescente concentração de CO2. “Tivemos uma sorte extraordinária. A Antártica era o melhor lugar para se dar conta de que havia um problema global com o clima”, explica.

Mais de 50 anos depois, o cientista admite, no entanto, que se sente pessimista quanto ao modo que a humanidade está se organizando. “Os cientistas conseguem mostrar que o planeta é uno e indivisível, que só há uma atmosfera, um oceano, mas não conseguem mostrar para as pessoas que é de interesse comum preservar o planeta”, assinala. “Reunir interlocutores com interesses tão diversos não é uma questão de ciência e sim de educação e filosofia”, conclui Lorius.

(Com Agência France-Presse)

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