Inspirada nos recursos da natureza, biomimética é tema de documentário
Selecionado para a 46ª Mostra de SP, filme é narrado por bióloga americana Janine Benyus, que cunhou o termo; estreia está prevista para o ano que vem
Área da ciência que busca na natureza soluções para problemas cotidianos, a biomimética é o tema de Biocêntricos, que está na seleção da 46ª Mostra de São Paulo e tem estreia prevista para o primeiro trimestre de 2023 — mais adiante, será exibido na grade dos canais GloboNews e Curta!. Dirigido por Fernanda Heinz Figueiredo e Ataliba Benaim, o documentário tem como narradora a bióloga americana Janine Benyus, cientista que cunhou o termo e ajudou a propagar sua prática no mundo.
Diferentemente de outros filmes científicos, Biocêntricos humaniza o tema, trazendo histórias de personagens que de alguma forma recorreram à biomimética para encontrar soluções simples e acessíveis em áreas como arquitetura, design e ecologia. Um dos casos mais emblemáticos é o do engenheiro e observador de pássaros japonês Eiji Nakatsu, que redesenhou o trem bala japonês imprimindo na forma do veículo traços do martim pescador — melhorando assim sua aerodinâmica.
O longa destaca ainda outras histórias importantes, como a dos designers brasileiros Bruno e Pedro Rutman Pagnoncelli, que desenvolveram uma forma revolucionária de reflorestamento. Ou a do líder indígena Benki Piyãko, do povo Ashaninka, localizado no Acre, na fronteira entre Brasil e Peru, que se tornou um agente agroflorestal e viaja o mundo compartilhando suas experiências. Ou ainda a do designer carioca Fred Galli, que tem como meta extinguir o rótulo de “consumidor” dos seres humanos.
“Estas pessoas buscaram soluções que estão aí há 3,8 bilhões de anos”, disse a VEJA Fernanda Heinz Figueiredo. “O ser humano nasce com esse desejo de imitar a natureza, basta ver as crianças pequenas quando observam o entorno, os bichos, a floresta.” Para Benaim, a ideia é mostrar que a natureza pode ser uma aliada para questões de sustentabilidade. “Temos de olhar para ela como uma fonte de inspiração e não como fonte de extração”, completou ele.