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Humanos desapareceram da Europa antes de ocupar a região em definitivo

Um evento climático previamente desconhecido derrubou as temperaturas no continente, tornando-se muito hostil para primeiros hominídeos

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 ago 2023, 07h00

Em 2008, um artigo científico trouxe a público informações sobre os restos humanos mais antigos já encontrados em um sítio arqueológico da Europa, datados de aproximadamente 1,4 milhão de anos atrás. Até hoje, acreditava-se que, pelo menos desde essa época, os hominídeos ocuparam o continente ininterruptamente, mas uma nova investigação acaba de revelar que, na verdade, essas populações podem ter sido dizimadas por um evento ambiental poucos milênios depois. 

O estabelecimento humano nessa época foi possibilitado por um ambiente majoritariamente quente e úmido. No entanto, de acordo com os resultados publicados na revista científica Science, no último dia 10, há cerca de 1,1 milhão de anos, mudanças climáticas abruptas culminaram num resfriamento extremo da região.  “Para nossa surpresa, descobrimos que esse frio foi comparável a alguns dos eventos mais severos das eras glaciais recentes”, afirma o autor principal do estudo, Vasiliki Margari.

A temperatura da água na região da Ibéria, onde esses primeiros humanos chegaram, baixou para menos de 6ºC e um clima semi-desértico se espalhou pelo continente, possivelmente eliminando essas populações. “Os resultados mostraram que, há 1,1 milhão de anos, o clima ao redor do Mediterrâneo tornou-se muito hostil para os humanos arcaicos”, afirma Axel Timmermann, um dos co-autores. 

De fato, não deve ter sido um momento fácil. Além de serem desprovidos dos aquecedores e casas de alvenaria que protegem os europeus contemporâneos, esses primeiros humanos não tinham muita capacidade de armazenar gordura e, tampouco, de manipular fogo ou produzir agasalhos. 

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Esse dado foi desvendado através da análise de sedimentos do fundo do mar, uma espécie de registro natural dos eventos que ocorreram na Terra. Posteriormente, o grupo de pesquisadores formados por membros da University College London, da Universidade de Cambridge e da CISC Barcelona utilizam um supercomputador para simular o quão bem adaptados os humanos estariam naquele ambiente, o que trouxe a tona a surpreendente revelação

Curiosamente, ele corrobora levantamentos anteriores, que mostram uma escassez de ferramentas e fósseis humanos nesse período. Esses registros só voltaram a aparecer cerca de 200 milênios depois. “Segundo este cenário, a Europa pode ter sido recolonizada há cerca de 900 mil anos, por humanos mais resilientes e com mudanças evolutivas ou comportamentais que permitiram a sobrevivência”, diz Chris Stringer, também co-autor da publicação.

O dado traz mais uma sugestão interessante. Até agora, ainda não se sabe ao certo de que espécies eram os primeiros hominídeos que chegaram a europa, mas considerando que os mais adaptados, que chegaram mais recentemente era os Homo antecessor, é possível conjecturar que os humanos que foram dizimados eram os antecessores mais próximos desse grupo, os Homo erectus

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