Estudo mostra que proteção biológica da Apollo 11 era inadequada
Nasa temia que microrganismos perigosos pudessem voltar com os astronautas, mas revisão aponta falhas básicas
Quando os primeiros homens foram à Lua, o que eles encontrariam lá ainda era um grande mistério. Uma dos maiores medos dos cientistas era que o solo lunar pudesse ter algum microrganismo que colocasse os astronautas, e potencialmente a humanidade, em risco. Embora a probabilidade fosse baixa, a equipe gastou milhões para isolar tudo o que retornasse da Apollo 11. Uma revisão feita agora, contudo, aponta que a estratégia tinha erros básicos que a tornava ineficiente.
O medo faz sentido. Qualquer coisa que conseguisse crescer na Lua seria muito diferente de quase tudo o que se conhece na Terra e, portanto, exigiria tempo para ser controlado – uma pandemia de febre lunar era tudo que o mundo não precisava naquele momento. Logo que os astronautas retornaram, contudo, um perigo básico era inevitável – qualquer coisa que eventualmente tivesse sobrevivido à viagem entraria em contato direto com o oceano.
O trabalho ainda revela que o vestuário de proteção biológica utilizado pelos oficiais navais que buscaram os astronautas não estava íntegro, pois eles encontraram água salgada em seu interior. A quarentena tampouco foi adequada. As luvas impermeáveis utilizadas pelos pesquisadores que manuseavam as amostras trazidas da Lua rasgavam, enquanto as autoclaves, equipamentos utilizados para esterilização, estavam com problema de transbordamento.
Em avaliações realizadas antes do retorno dos astronautas, pelo menos 82 problemas foram encontrados no laboratório montado para receber os equipamentos utilizados na lua. Alguns deles foram corrigidos, mas às vésperas da utilização, muitos ainda permaneciam – o que não impediu a certificação da plataforma.
A revisão ainda denuncia a falta de transparência da Nasa, que sabia dessas vulnerabilidades, mas vendeu para o público uma segurança maior do que existia. “O protocolo de quarentena pareceu um sucesso apenas porque não era necessário”, escreveu Dagomar Degroot, historiador ambiental e autor do estudo publicado no periódico científico Isis. Felizmente, não foram descobertos microrganismos nativos da Lua durante as missões Apollo.”
Esses apontamentos servirão de aprendizado para missões futuras e serão especialmente necessários, já que as agências espaciais agora planejam trazer materiais nativos de Marte e outros planetas do sistema solar – locais com uma probabilidade muito maior de abrigar vida.