Pesquisador da Universidade da Columbia Britânica (UBC), no Canadá, desenvolveu um simples e preciso dispositivo para estudar a malária, doença que causa cerca de um milhão de mortes por ano. O objetivo é compreender melhor as alterações nos glóbulos vermelhos do sangue causadas pelo parasita Plasmodium falciparum, espécie que transmite a forma mais perigosa da doença.
Saiba mais
MALÁRIA
É uma doença febril aguda, caracterizada por febres altas, calafrios e cefaleias. É transmitida pela fêmea do mosquito do gênero Anopheles, que prefere lugares como água limpa e sombreada, comuns na região amazônica. O mosquito transmite plasmódios (parasitas) presentes no sangue de quem tem malária. Eles se multiplicam dentro do mosquito e entram em contato com o sangue daquele que for picado pelo Anopheles. Se não tratada, pode gerar complicações graves, principalmente se for causada pelo Plasmodium falciparum, responsável por 15% a 20% dos casos diagnosticados no Brasil. Ao redor do mundo são registrados cerca de 250 milhões de novos casos e perto de um milhão de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. A maior incidência é na África, onde é causa de uma entre cinco mortes infantis.
O aparelho desenvolvido por Hongshen Ma é um tipo do chamado “lab on a chip”, um único chip que integra uma ou muitas funções de um grande laboratório. O dispositivo em questão é portátil – mede 50 centímetros x 25 centímetros – e irá ajudar a avaliar a eficácia de diferentes compostos no tratamento da malária, uma vez que a doença se apresenta cada vez mais resistente aos fármacos, e as vacinas para preveni-la ainda estão em fase experimental.
“Nossos resultados mostram que é possível medir com precisão o enrijecimento das células vermelhas do sangue causado pelo parasita em vários estágios de infecção”, diz o inventor. Os glóbulos vermelhos humanos saudáveis precisam se espremer através de vasos capilares muitas vezes menores que seu próprio diâmetro, a fim de entregar o oxigênio a todos os tecidos do corpo. Mas os glóbulos infectados com malária perdem gradualmente essa capacidade, o que perturba o fluxo sanguíneo, causando falência dos órgãos e até a morte.
O dispositivo de Hongshen Ma é capaz de comprimir, no seu interior, células vermelhas do sangue infectadas. A pressão necessária para empurrar a célula é medida e, em seguida, utilizada para calcular a deformação daquela célula. Ao calcular essa deformação, os pesquisadores podem obter informações sobre o estado da doença e respostas ao tratamento.
O pesquisador explica que há outras pesquisas sobre os mecanismos biológicos da malária. “Mas os métodos atuais para medir a deformação de células vermelhas são ou muito complexos para serem usados em situações clínicas ou não são sensíveis o suficiente”, diz. A pesquisa realizada na UBC foi publicada na revista Lab on a chip, da Royal Society of Chemistry, que divulga estudos sobre miniaturização nas áreas de química, física, biologia e bioengenharia.