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Desviar o olhar não é sinal de mentira, conclui estudo

Experimento com 82 voluntários no Reino Unido refuta ideia consagrada pela programação neurolinguística

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h30 - Publicado em 13 jul 2012, 18h18
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  • Durante muito tempo, psicólogos acreditaram que desviar o olhar é sinal de mentira. Essa ideia era (e ainda é) aplicada em diversas situações, desde entrevistas de emprego até briga de casal. Mas após submeter 82 voluntários a experimentos, pesquisadores das universidades de Hertfordshire e de Edimburgo, ambas no Reino Unido, e da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, concluíram que não há evidências concretas que possam comprovar estatisticamente que uma pessoa desvia o olhar quando está mentindo. O estudo foi publicado na edição desta semana no periódico científico Plos One.

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    Título original: The Eyes Don’t Have It: Lie Detection and NeuroLinguistic Programming

    Onde foi divulgada: periódico Plos One

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    Quem fez: Richard Wiseman, Caroline Watt, Leanne ten Brinke, Stephen Porter, Sara-Louise Couper, Calum Rankin

    Instituição: Universidades de Hertfordshire e Edimburgo, ambas no Reino Unido, e da Colúmbia Britânica, no Canadá

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    Dados de amostragem: 82 adultos, divididos em dois grupos –um de 32 pessoas e outro de 50

    Resultado: Não existe comprovação estatística de que movimentos oculares sinalizam a mentira.

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    A relação entre os movimentos oculares e o discurso foi difundida pela programação neurolinguística (PNL), conjunto de técnicas psicológicas criadas na década de 1970 com o objetivo de “entender melhor como o ser humano, age, pensa e se comunica”, segundo seus divulgadores. Para a PNL, os movimentos oculares dizem o que a pessoa está pensando. Por exemplo, se o desvio do olhar é para o canto superior direito, significa a tentativa de visualizar algo imaginado. Se for para o canto superior esquerdo, é a busca de uma memória, ou seja, uma experiência já vivida.

    Segundo os pesquisadores, embora a PNL não considere os pensamentos imaginados como sinônimos de mentira, essa ideia se generalizou e muitos praticantes de PNL usam esse conceito para detectar mentiras.

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    Verdade ou mentira – Para testar essa ideia, os pesquisadores realizaram três experimentos: analisaram a quantidade de olhares desviados, os ângulos de desvio e a duração desse olhar oblíquo (como a PNL não estipula o quanto dura um olhar mentiroso, eles analisaram olhares longos e curtos). A ideia inicial era justamente encontrar mentirosos olhando para os lados. Mas isso não aconteceu.

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    Os pesquisadores colocaram os voluntários em três situações diferentes para detectar variações estatísticas na detecção da mentira. Primeiro, selecionaram 32 pessoas e pediram para parte delas mentir em uma situação específica. As respostas foram gravadas e analisadas.

    Depois, com outro grupo de 50 voluntários, “treinaram” parte deles em PNL, contando sobre os movimentos oculares e seus supostos significados. Depois, mostraram os vídeos do primeiro grupo e pediram para que eles apontassem quando um voluntário mentia ou não. O objetivo era saber se quem aplica a PNL acerta quando o outro mente. O índice de acertos foi irrisório.

    Em um terceiro teste, os participantes de ambos os grupos assistiram a vídeos em que familiares procuravam por parentes desaparecidos. Em metade dos casos havia evidências de que a pessoa estava mentindo. O objetivo era saber como a PNL seria aplicada e como a mentira seria detectada. Novamente, o índice de acertos foi baixo.

    Resultados – De acordo com os pesquisadores, esse é o primeiro trabalho a testar experimentalmente os conceitos da PNL e os três estudos não dão suporte à noção de padrões que relacionem o movimento dos olhos e a mentira. Segundo eles, o resultado negativo está de acordo com pesquisas anteriores que analisaram os movimentos faciais (incluindo detecção de movimento ocular) e se mostraram ineficientes pra detectar a mudança de comportamento.

    O próximo passo, dizem os pesquisadores, será analisar por que esses conceitos – apesar de falhos – foram tão difundidos.

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