Crise ambiental levará metade do planeta a novas zonas climáticas até 2100
As mudanças nos obrigarão a redesenhar mapas produzidos pela primeira vez há mais de 140 anos, na década de 1880
O aquecimento global está levando o planeta Terra a um estado crítico. Cientistas frequentemente alertam que ondas extremas de calor, secas, inundações, tornados e tempestades estão se tornando mais comuns e intensos, refletindo o aumento da temperatura e colocando a vida no globo terrestre sob pressão. Agora, um novo estudo mostra como essas mudanças alterarão o clima em nível local. Pesquisadores estimam que, em 2100, até 40% da área total do planeta estará em uma zona climática diferente da atual.
Essas mudanças nos obrigarão a redesenhar mapas climáticos produzidos pela primeira vez há mais de 140 anos, na década de 1880. Os pesquisadores testaram diversos modelos matemáticos e em alguns as projeções de mudanças globais futuras foram ainda mais radicais, atingindo até 50% da área terrestre.
Para mapear as mudanças projetadas, a equipe de climatólogos da Universidade da Virgínia, nos Estados unidos, usou os mapas de Köppen-Geiger, um sistema que divide o mundo em cinco zonas climáticas, que são estimadas com base na temperatura, precipitação e estações do ano. A classificação foi criada em 1884, e atualizada algumas vezes. O modelo também é utilizado para mapear a distribuição e o crescimento das espécies.
As mudanças previstas pelos pesquisadores da Virgínia são apenas uma estimativa, pois simular com precisão algumas variáveis climáticas, como as chuvas, por exemplo, é mais difícil que outras, como a temperatura. O estudo também se restringe às massas de terra, deixando de lado os Oceanos e a Antártica.
Apesar das lacunas, os novos dados são eficientes em atestar os efeitos catastróficos do aquecimento global sugerindo que, se nada for feito, espécies e práticas agrícolas serão duramente afetadas em regiões mais sensíveis, que não terão tempo de se adequar à nova realidade climática.
A análise estima que os climas tropicais se expandirão de 23% para 25% da superfície terrestre. Territórios áridos também aumentarão, dos 31% atuais para 34%. Essas mudanças podem afetar o sistema de distribuição e produção de alimentos, além de ampliar a área de alcance de doenças tropicais.
As maiores mudanças poderão ser sentidas em áreas mais frias, sobretudo na Europa e na América do Norte. Até 89% da Europa e cerca de 66% da América do Norte mudarão seu perfil climático nas próximas décadas. Regiões da África sentirão um acentuado aumento nas temperaturas, mas dentro dos limites de sua zona climática atual. A zona polar, que cobria quase 8% da Terra entre 1901 e 1930, e agora encolheu para aproximadamente 6,5%, pode atingir pontos irreversíveis.
Do início do século XX para cá, cerca de 15% da área terrestre já mudou suas classificações climáticas em decorrência dos efeitos da ação humana. As mudanças mais extensas foram observadas na América do Norte, Europa, Oceania e nos Polos, que se mostraram muito menos resilientes às variações de temperatura.