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Cientistas descobrem 104 novos asteroides que rondam o planeta Terra

Um dos objetivos do projeto é identificar corpos celestes que ofereçam perigo à humanidade

Por Sabrina Brito 12 jun 2022, 08h00

A cena é corriqueira no universo cinematográfico: um asteroide gigante sai das profundezas do espaço em direção à Terra, ameaçando a sobrevivência da espécie humana. Por mais que o choque de objetos cósmicos com o planeta pareça algo restrito apenas à ficção, a ciência sabe que é possível, e até provável, que em algum momento — nem que seja daqui a milhões de anos — a Terra não escapará de tal encontro. Antes que algum desavisado se preocupe em excesso, a boa notícia é que os recursos tecnológicos têm fornecido meios de prevenir desagradáveis surpresas. O mais recente deles é um software de computador capaz de escanear os céus em busca de padrões de luz e movimento que lembrem asteroides. Por meio da análise de imagens já capturadas do espaço, o sistema de inteligência artificial Tracklet-­less Heliocentric Orbit Recovery, ou simplesmente Thor, estudou a fundo 68 bilhões de observações feitas pelo centro americano de pesquisas espaciais NOIRLab. O resultado da pesquisa animou astrônomos. Os algoritmos detectaram 104 asteroides até então desconhecidos da humanidade.

Asteroides são objetos espaciais rochosos originados na formação do sistema solar, há 4 bilhões de anos. Eles podem ter diâmetros que variam de poucos metros a centenas de quilômetros. Não é incomum que passem próximo da Terra, mas frequentemente a atmosfera terrestre ou de outros planetas desvia sua trajetória, o que acaba eliminado o risco de impacto. Eles são relativamente pequenos em meio à vasta imensidão do cosmo, o que torna sua identificação um desafio bastante complexo.

NO ALVO - Representação de objeto rochoso na imensidão do universo: não estamos sós -
NO ALVO – Representação de objeto rochoso na imensidão do universo: não estamos sós – (./Nasa)

O funcionamento do Thor é considerado simples: o algoritmo reconhece os asteroides após a análise de imagens do espaço e calcula suas trajetórias ao verificar se pontos de luz encontrados no céu são compatíveis com as órbitas desses corpos celestes. Segundo Edward Lu, cofundador da B612 Foundation, organização que trabalhou junto com o Google Cloud no projeto, graças ao algoritmo qualquer telescópio dotado de um arquivo de imagens agora poderá se dedicar à busca por asteroides e até detritos espaciais que ameacem astronautas. Recentemente, cientistas da Estação Espacial Internacional tiveram de se abrigar em um anexo da estrutura para fugir de possíveis trombadas com objetos que vagam pelo universo.

De acordo com os especialistas envolvidos no projeto, parte das motivações por trás da concepção do algoritmo foi o medo de que o impacto com um asteroide eventualmente acabe com a vida na Terra. “Sabemos que existem ameaças reais”, afirmou Rusty Schweickart, ex-astronauta da Nasa ligado à B612 Foundation. Esse é um ponto, mas há outros interesses que vão além da intenção de evitar desastres como os relatados nos filmes Armageddon, Impacto Profundo e, mais recentemente, Não Olhe para Cima. O estudo de asteroides permitirá uma melhor compreensão da composição e da formação do sistema solar e fornecerá elementos para novas abordagens científicas.

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FICÇÃO - Cena de Não Olhe para Cima: Hollywood tem fixação pelo tema -
FICÇÃO - Cena de Não Olhe para Cima: Hollywood tem fixação pelo tema – (Niko Tavernise/Netflix)

Mas, afinal, poderemos ser atingidos? Especialistas chegaram a conceber uma lista de objetos próximos à terra (ou NEOs, em inglês) com os quais faria certo sentido se preocupar. Esses corpos possuem 140 metros de diâmetro ou mais e estão a uma distância máxima de 0,05 UA da superfície terrestre, o que equivale a aproximadamente vinte vezes a distância média entre a Terra e a Lua. O impacto deles com o planeta seria capaz de causar uma catástrofe regional, mas estaria longe de exterminar a humanidade, como Hollywood gostar de retratar nas telonas. Projetos como o Thor são importantes porque ajudam a identificar novas ameaças. “Precisamos lembrar que o programa ainda precisa ser melhorado e expandido para cobrir outros pontos do sistema solar”, afirma Diana Paula Andrade, professora adjunta no Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seja como for, a ciência deve sempre olhar para cima como estratégia indispensável para proteger o nosso frágil planeta.

Publicado em VEJA de 15 de junho de 2022, edição nº 2793

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