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Cientistas criam macacos transgênicos para estudar autismo

São os primeiros modelos animais primatas que exibem o comportamento ligado ao autismo. Como são próximos dos humanos, poderiam ajudar na compreensão do distúrbio e no desenvolvimento de tratamentos

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 15h59 - Publicado em 25 jan 2016, 17h05
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  • Cientistas chineses criaram os primeiros macacos geneticamente modificados que exibem comportamentos relacionados ao autismo. De acordo com o estudo, publicado nesta segunda-feira (25) no periódico científico Nature, o objetivo é que os macacos ajudem na compreensão do distúrbio em humanos e no desenvolvimento de tratamentos. Até o momento, a pesquisa do autismo é feita em roedores, animais que possuem uma biologia bastante diferente dos primatas. Alguns cientistas, contudo, levantam questões sobre a eficácia de modelos animais no estudo do distúrbio, que ainda tem causas desconhecidas pela medicina.

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    Para criar os macacos transgênicos, os pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, em Xangai, desenvolveram macacos afetados pela duplicação do gene MECP2, uma falha genética que, em humanos, é responsável por uma síndrome rara. Essa desordem se apresenta na infância e provoca uma série de sintomas – alguns iguais aos vistos no espectro do autismo, como dificuldades de interação social.

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    De acordo com os pesquisadores, os macacos exibiram comportamentos muito similares a pacientes humanos com autismo, como padrões repetitivos de comportamento, altos níveis de ansiedade e problemas de interação social. Uma segunda geração de macacos também apresentou a síndrome e os comportamentos do espectro autista. Segundo os cientistas, os macacos tinham propensão a andar em círculos em suas jaulas, mostrando-se defensivos e com altos níveis de stress, além de serem antissociais. Os sintomas se mostraram mais severos no sexo masculino, como em humanos.

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    “Junto com progressos recentes na aplicação de novas técnicas de edição genética em macacos, nosso estudo abre o caminho para o uso eficiente de macacos geneticamente modificados para estudar desordens cerebrais”, afirmam os autores no estudo.

    Os pesquisadores dizem que grupos de macacos assim poderiam ser criados para testar novos tratamentos para o distúrbio, já que os animais transmitem a falha genética para as próximas gerações. No momento, estão fazendo exames de imagens no cérebro dos animais para tentar identificar que circuitos cerebrais seriam responsáveis pelo comportamento autista.

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    Eficácia do modelo animal – Até agora, a ciência ainda não sabe ao certo quais são as causas do autismo. Pesquisas feitas em roedores – que não refletem com precisão as complexas doenças neurológicas humanas – têm ajudado a revelar quais são as características genéticas do distúrbio. Contudo, outros fatores, além do DNA, podem estar relacionados à exibição de comportamentos do espectro autista. Algumas pesquisas trazem evidências de que pesticidas ou mesmo a idade dos pais poderiam estar por trás do autismo.

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    Um dos desafios da área é a falta de modelos animais que reproduzam fielmente os sintomas. Os macacos criados pelos pesquisadores chineses são os primeiros modelos animais primatas, mais próximos do ser humano. Mas alguns cientistas são cuidadosos ao relacionar o comportamento animal derivado da síndrome genética ao comportamento de humanos com o distúrbio.

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    Em uma reportagem que acompanha o artigo da Nature, Alysson Muotri, que pesquisa desordens mentais como as do espectro autista na Universidade da Califórnia, afirma que o modelo primata é superior ao de roedores porque consegue exibir mais claramente alguns dos comportamentos autistas. Contudo, sintomas em ratos e macacos parecem ser menos severos que os vistos em humanos. “Ainda precisamos verificar se o modelo primata é capaz de realmente gerar novos insights sobre o distúrbio humano”, afirma.

    Os pesquisadores também alertam que os macacos com a duplicação do MECP2 não demonstram alguns sintomas importantes, como as convulsões ou problemas cognitivos severos. Isso pode acontecer porque a expressão do gene em macacos seja regulado por mecanismos diferentes que o de humanos.

    (Da redação)

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