Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Baratas podem estar se tornando resistentes a inseticidas, diz estudo

Possíveis alterações nos sistemas sensoriais estão transformando a forma como os insetos percebem o açúcar, afastando-os de iscas tóxicas

Por Marilia Monitchele
Atualizado em 31 mar 2023, 20h31 - Publicado em 31 mar 2023, 17h50

Existe uma ideia popular de que as baratas podem ser capazes de sobreviver até mesmo ao apocalipse. Embora a concepção não encontre lastro científico, é possível que os temíveis insetos estejam aprendendo a resistir ao menos aos inseticidas. Um estudo publicado na revista Science concluiu que populações de baratas estão desenvolvendo um tipo de aversão adaptativa à glicose, que costuma ser usada como componente atrativo em iscas tóxicas. A aversão provavelmente acontece devido à alterações no sistema sensorial, sobretudo o gustativo, das baratas. Isso significa que você pode ter mais trabalho ao tentar afastá-las de sua casa. 

Os sistemas sensoriais são os responsáveis por orientar a avaliação de alimentos, habitat e parceiros reprodutivos. De forma geral, são eles que regem as interações entre diferentes indivíduos no mundo animal. Esses sistemas podem sofrer alterações com o passar do tempo, respondendo a estímulos ambientais. É exatamente isso que pode estar acontecendo com as populações de baratas alemãs (Blattella germanica), que estão se tornando resistentes a certos tipos de inseticida.

Desde meados da década de 1980, o controle dessas populações é feito a partir de iscas que combinam inseticidas e ingredientes estimulantes e atrativos ao paladar das baratas, como a glicose e a frutose. Com o passar do tempo, essas espécies passaram a desenvolver aversão ao sabor açucarado, resultando na falha de iscas que costumavam ser altamente eficazes. Percebeu-se então que a repulsa era passada para as gerações seguintes, criando populações inteiras de baratas avessas à glicose. Embora o tempo de crescimento e reprodução seja mais lento em espécies de baratas avessas a açúcares do que em baratas selvagens (que permanecem sendo atraídas por sabores doces), as primeiras superam a segunda em cenários que ofereçam algum tipo de seleção por iscas contendo glicose. 

Os resultados apresentados no estudo sugerem que, nas baratas selvagens, a glicose ou outros compostos parecidos são reconhecidos pelos neurônios receptores gustativos periféricos, que estão alojados dentro de sensilas semelhantes a pelos nas peças bucais, como açúcares, tornando as iscas apetitosas. Enquanto em baratas do tipo alemã esses mesmos receptores transformam o gosto doce em amargo, fazendo com que as baratas rejeitem os petiscos. Isso pode ser considerado um ganho de função, ou seja, o comportamento diante das iscas favoreceu a proteção da espécie, embora isso possa ser péssimo para os avessos às baratas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.