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Acidificação recorde dos oceanos ameaça ecossistemas

As atividades humanas têm feito os oceanos absorver quantidades crescentes de CO2, provocando uma acidificação da água do mar recorde em 300 milhões de anos, revelou um estudo publicado nesta quinta-feira, que adverte para os efeitos devastadores deste fenômeno para o ecossistema marinho. “Embora existam similaridades, nunca neste período a taxa de acidificação representou, em […]

Por Por Jean-Louis Santini
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h44 - Publicado em 1 mar 2012, 20h17
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  • As atividades humanas têm feito os oceanos absorver quantidades crescentes de CO2, provocando uma acidificação da água do mar recorde em 300 milhões de anos, revelou um estudo publicado nesta quinta-feira, que adverte para os efeitos devastadores deste fenômeno para o ecossistema marinho.

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    “Embora existam similaridades, nunca neste período a taxa de acidificação representou, em sua evolução, um impacto potencial na química orgânica dos oceanos, como consequência das emissões de dióxido de carbono (CO2) sem precedentes na atmosfera”, disse um dos autores do estudo, Andy Ridgwell, professor da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

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    Nos últimos cem anos, a concentração de CO2 aumentou 30% na atmosfera, alcançando 393 partes por milhão (ppm), enquanto seu pH diminuiu 0,1 unidade para 8,1, indicando maior acidez.

    Isto representa uma taxa pelo menos dez vezes mais rápida do que há 56 milhões de anos, disse Barbel Honisch, paleoceanógrafo da Universidade de Columbia, em Nova York, e autor principal do estudo publicado na edição desta sexta-feira da revista científica americana Science.

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    Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), vinculado à ONU, o pH dos oceanos ainda poderia diminuir 0,3 unidade antes do fim do século, chegando a 7,8.

    A acidifcação atual poderia ser pior do que durante as quatro maiores extinções maciças da história, quando uma alta natural do carbono proveniente de asteróides e erupções vulcânicas aumentou a temperatura global, acrescentou o estudo da Science, realizado por especialistas britânicos, americanos e franceses.

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    Os cientistas descobriram que apenas uma vez na história o planeta esteve perto do que se observa atualmente em termos de mortandade nos oceanos. Este período é conhecido como o Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno e ocorreu há cerca de 56 milhões de anos.

    Na ocasião, devido a uma duplicação inexplicável das taxas de CO2 na atmosfera, a temperatura global aumentou 6°C em 5.000 anos, com o correspondente aumento do nível do mar, que alterou os ecossistemas. Estima-se que de 5% a 10% das espécies marinhas tenham desaparecido nos 20 mil anos seguintes.

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    Isto se soube no começo dos anos 1990, quando foram extraídos sedimentos do fundo do oceano na Antártica.

    “Sabemos que nos últimos eventos de acidificação do oceano, a vida não foi aniquilada, mas novas espécies evoluíram, substituindo as que morreram”, disse Honisch.

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    “Mas se as emissões industriais de carbono continuarem no ritmo atual, podemos perder organismos que nos interessam, como os arrecifes de coral, as ostras, o salmão”, advertiu.

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    Quando o CO2 é absorvido muito rapidamente no oceano, o carbono de que precisam os corais para construir os arrecifes, assim como moluscos e algumas espécies de plâncton para erguer sua carapaça, pode se esgotar, explicou.

    Uma consequência desta situação é a dissolução de parte do fitoplâncton, cujos resíduos se depositam no fundo do mar e formam uma camada de lodo que destrói os foraminíferos, organismos unicelulares.

    Um outro estudo, publicado em 2011 na revista britânica Nature, mostrou uma diminuição no pH para 7,8 – isto é, uma acidez maior – nos arrecifes de coral de Papua Nova Guiné, que levou a uma diminuição de até 40% dos corais.

    Christopher Langdon, biólogo marinho da Universidade de Miami (Flórida, sudeste dos Estados Unidos), co-autor da pesquisa, antecipou “como é difícil reverter rapidamente esta situação”.

    “Uma vez que as espécies tiverem se extinguido, é para sempre”, disse. E acrescentou: “Estamos jogando um jogo muito perigoso”.

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