Walter Torre Jr. vai, enfim, depor à PF na Lava Jato
Dono da construtora WTorre foi alvo de condução coercitiva na Operação Abismo, deflagrada no início do mês, mas estava no exterior em férias
O empresário Walter Torre Júnior, da construtora WTorre, alvo de um mandado de condução coercitiva na 31ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Abismo, enfim prestará depoimento à Polícia Federal. O advogado de Torre, Alberto Toron, informou ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba, que ele se apresentará para depor à Polícia Federal às 14h30 no dia 28 de julho, quinta-feira da semana que vem. Quando a Abismo foi deflagrada, no início do mês, Walter Torre estava no exterior aproveitando férias e não foi encontrado. No documento enviado a Moro, Toron pede que seja revogado o mandado de condução coercitiva contra seu cliente.
Segundo as investigações, a WTorre recebeu 18 milhões de reais de propina para abandonar a licitação da obra do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro. Além de Walter Torre Júnior, o diretor de propriedades comerciais da empreiteira, Francisco Geraldo Caçador, também foi alvo de condução coercitiva. A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão na sede da companhia e nos endereços dos executivos
O contrato milionário para construir o empreendimento da Petrobras foi conquistado pelo consórcio chamado de Novo Cenpes, constituído pelas construtoras OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Schahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia.
No lance inicial, o grupo havia feito a oferta de tocar as obras por 897,9 milhões de reais. A WTorre entrou na disputa, oferecendo um preço menor, de 858,3 milhões de reais. Diante do impasse, o então presidente da OAS Léo Pinheiro teria acertado um pagamento de 18 milhões de reais a Walter Torre para que ele desistisse de participar da licitação, o que acabou acontecendo.
Por fim, o contrato foi fixado em 849,9 milhões de reais. Os valores e a informação do recebimento de dinheiro pela WTorre se basearam na delação do empresário da Carioca Engenharia Ricardo Pernambuco Júnior e os fatos descritos ocorreram no segundo semestre de 2007.