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WTorre recebeu R$ 18 milhões para desistir de licitação

Segundo o empresário Ricardo Pernambuco Júnior, o acerto foi feito entre o presidente da construtora e o ex-chefe da OAS Léo Pinheiro

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 jul 2016, 19h16

Além das já citadas OAS, Carioca Engenharia e Schahin, a Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira, envolveu mais uma das grandes construtoras brasileiras no escândalo de corrupção da Petrobras: a WTorre. Segundo as investigações, a empresa recebeu 18 milhões de reais de propina para abandonar a licitação da obra do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro. O presidente da companhia, Walter Torre Júnior, e o diretor de propriedades comerciais da empreiteira, Francisco Geraldo Caçador, foram alvos de condução coercitiva. Torre, no entanto, não foi levado à delegacia porque está no exterior aproveitando as férias. A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão na sede da companhia e nos endereços dos executivos.

O contrato milionário para construir o empreendimento da Petrobras foi conquistado pelo consórcio chamado de Nova Cenpes, constituído pelas construtoras OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Schahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia. No lance inicial, o grupo havia feito a oferta de tocar as obras por 897,9 milhões de reais. A WTorre entrou na disputa, oferecendo um preço menor, de 858,3 milhões de reais. Diante do impasse, o então presidente da OAS Léo Pinheiro teria acertado um pagamento de 18 milhões de reais a Walter Torre para que ele desistisse de participar da licitação, o que acabou acontecendo. Por fim, o contrato foi fixado em 849,9 milhões de reais. Essas informações se basearam na delação do empresário da Carioca Engenharia Ricardo Pernambuco Júnior e os fatos descritos ocorreram no segundo semestre de 2007.

“Como o Walter Torre conhecia a mim […], foi à minha casa, no Brooklin, em São Paulo, entrou pela garagem e tudo, […] só pra dizer que teve a conversa e para dizer: ‘Tá tudo o.k.?’. Eu disse: ‘tá tudo o.k. O que você combinou com o Léo [Pinheiro] nós vamos cumprir, o consórcio como um todo”, relatou Ricardo Pernambuco no depoimento transcrito e anexado aos autos. O procurador, então, perguntou-lhe sobre o que especificamente havia sido combinado, ao que ele respondeu: “A informação que eu tenho, é que ele não iria fazer o rebid [uma espécie de “relicitação”], pra isso ele iria receber um valor de 18 milhões de reais”.

Os procuradores da Lava Jato estranharam o fato de a vencedora da licitação – no caso, a WTorre – não ter enviado representantes para o encontro que negociaria a redução no preço do empreendimento, em setembro de 2007, o que, segundo eles, reforçaria os relatos de Pernambuco. A OAS, por sua vez, “se fez presente” no encontro, representando o Novo Cenpes, e conseguiu o contrato por ter diminuído o valor de sua proposta, conforme consta no despacho assinado pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz a Lava Jato na primeira instância, em Curitiba.

Ao expedir os mandados de condução coercitiva, Moro frisou que, “apesar de toda a recente polêmica sobre a medida”, ela se trata de uma restrição à liberdade “muito momentânea, apenas para a tomada de depoimento”. “Equipará-la à prisão é, nesse contexto, algo absolutamente inconsistente”. escreveu.

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Em nota, a WTorre negou as irregularidades, dizendo que não “recebeu nenhum valor referente a esta ou a qualquer outra obra pública”, e que “segue à disposição das autoridades”. A empreiteira ficou conhecida ter erguer grandes obras de entretenimento, como o estádio do Palmeiras (Allianz Parque) e o shopping JK Iguatemi, em São Paulo.

Confira a nota da WTorre na íntegra:

“A empresa não teve participação na obra de expansão do Centro de Pesquisas da Petrobras; que não recebeu ou pagou a agente público ou privado nenhum valor referente a esta ou a qualquer outra obra pública. O Grupo WTorre forneceu a documentação referente ao orçamento desta licitação que ainda se encontrava na empresa e segue à disposição das autoridades”.

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