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Volks reconhece apoio à ditadura sob protestos de ex-perseguidos

Montadora encomendou relatório independente a pesquisador alemão, que concluiu que montadora foi "irrestritamente leal ao governo militar"

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 15 dez 2017, 16h43 - Publicado em 15 dez 2017, 08h45

A Volkswagen do Brasil reconheceu nesta quinta-feira 14 que deu apoio ao governo militar e que houve repressão a funcionários dentro da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Na tentativa de se reconciliar com o passado, a montadora inaugurou uma placa em memória a todas as vítimas da ditadura e anunciou financiamentos a projetos sociais.

A placa inaugurada na ala da fábrica onde jovens frequentam cursos de formação traz a frase “Em memória a todas as vítimas da ditadura militar no Brasil. Pelos direitos humanos, democracia, tolerância e humanidade”.

As ações, porém, não agradaram ao grupo de ex-trabalhadores que participa de investigação conduzida desde 2015 pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre o envolvimento da montadora na ditadura militar. “O que a Volkswagen quer fazer é varrer a sujeira para debaixo do tapete”, disse Lúcio Bellentani, espancado pela polícia política dentro da fábrica quando tinha 28 anos e era filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).

“É apenas uma ação de marketing, pois até agora a empresa não fez pedido formal de desculpas à sociedade brasileira e não participou do inquérito do MPF”, completou Sebastião Neto, que coordenou o grupo de trabalho sobre a repressão a trabalhadores e ao movimento sindical da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

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Pesquisa independente

A montadora encomendou um relatório ao pesquisador independente Christopher Kopper, professor da Universidade de Bielefeld, na Alemanha — o documento foi apresentado ontem no Brasil e no país europeu. Ele concluiu que a empresa foi “irrestritamente leal ao governo militar”. Cita ainda que seguranças da montadora monitoravam as atividades de oposição dos empregados e facilitou, com suas denúncias, a prisão de pelo menos sete funcionários.

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Kopper informou que a diretoria sabia das prisões e a Volkswagen lucrou com a política econômica do regime, “como outras empresas”. O pesquisador disse, contudo, que não há evidências claras de cooperação institucionalizada por parte da companhia. Seu trabalho durou quase um ano. Questionado sobre o surgimento atual de grupos em defesa da volta do regime militar, Kopper afirmou esperar “que o Brasil nunca mais volte a ter uma ditadura”.

O presidente da Volkswagen da América do Sul e Brasil, Pablo Di Si, afirmou que a empresa “não tem nada a esconder e está aberta ao diálogo com as autoridades”. Disse, porém, que no momento não há planos de ressarcimentos individuais aos trabalhadores envolvidos.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, elogiou a ação da Volkswagen por ser a primeira empresa a reconhecer a participação “nesse processo que não gostaríamos de ter vivido”. Segundo Santana, concorrentes da marca, fornecedores, indústria química e o setor financeiro deveriam fazer o mesmo.

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