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“Vivi um show de horrores”, diz Daniela Teixeira sobre sabatina no Senado

Feminista há três décadas, a indicada por Lula ao STJ defende o avanço das mulheres nas altas cortes

Por Maiá Menezes Atualizado em 10 dez 2023, 13h52 - Publicado em 9 dez 2023, 08h00

Agitar a bandeira feminista causa espanto em uma corte superior? Na verdade, o problema está na composição dos tribunais, majoritariamente masculinos no Brasil. Sabemos que o juiz só é totalmente imparcial no fantástico mundo de Alice. Por isso, precisamos de um olhar feminino nas cortes. Como disse durante minha campanha, estava disputando a cadeira em nome de todas as mulheres.

A escolha de dois homens, Cristiano Zanin e Flávio Dino, para o STF a incomodou? Deveria chamar a atenção de todos o fato de no Supremo haver hoje uma única ministra. Antes de ser nomeada, não achei adequado me manifestar. Poderia soar oportunismo. O fato é que nunca escondi minha militância pela presença de mais mulheres no Judiciário. Seguirei nessa luta, mesmo sabendo ser tão difícil quanto empurrar um elefante morro acima.

Sua nomeação teria sido uma espécie de compensação pela escassez de quadros femininos no poder? Você pega uma mulher, coloca ali no STJ, e pronto, a cota está resolvida e todo mundo feliz. Minha nomeação nem de longe encerra a questão. A última mulher a ingressar no Superior Tribunal de Justiça foi nomeada há uma década. Teremos de esperar esse tempo todo por outra indicação feminina numa das mais altas cortes do país? Não adianta entrar aqui e ficar quieta. Sempre deixei minha posição clara.

Enfrentou preconceito enquanto brigava pela vaga? Minha sabatina no Senado foi um show de horrores. Houve outro episódio também. Um senador me chamou em seu gabinete e disse: “A senhora está no lugar errado”. Cheguei a achar que tinha me sentado na cadeira de outra pessoa, mas ele logo mostrou seu preconceito: “Lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos”, falou. Foram cinco horas e meia em que o machismo estrutural revelou sua face. Mais chocante é perceber que esse é o sentimento da população que elegeu aqueles representantes.

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Uma corte conservadora como o STJ está disposta a se debruçar sobre questões identitárias? Ela é conservadora, sim. Não peguei um único caso de injúria racial até agora. Trata-se de uma distorção. Racismo é crime inafiançável, mas quase ninguém está sendo processado por isso, mesmo com a ocorrência diária de casos.

É a favor de cotas para mulheres e negros no Judiciário? Sim. Quando estava na OAB, eu, uma branca de olhos verdes, levei a proposta de termos 30% de cotas para negros e 50% para mulheres nas diretorias regionais. Deu certo. Acredito que esses temas estarão cada vez mais presentes. É um avanço.

Publicado em VEJA de 8 de dezembro de 2023, edição nº 2871

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