Demétrio Vilagra (PT) voltou à prefeitura de Campinas por determinação da Justiça, no final da tarde desta quinta-feira, menos de 24 horas depois de ter sido afastado temporariamente pela Câmara dos Vereadores. O juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas, Mauro Fukumoto, acatou um mandado de segurança requerido pela defesa de Vilagra e determinou a suspensão do afastamento. Também foi extinta a comissão da Câmara que pretendia analisar a sua conduta com o propósito de tentar sua cassação.
O juiz alegou a falta de fundamentação jurídica para o afastamento – que deveria durar, no máximo, 90 dias. A decisão foi divulgada por volta das 17h30. Menos de uma hora antes, Vilagra havia concedido uma entrevista coletiva, onde afirmou “acreditar na Justiça”. Seu substituto seria o presidente da Câmara, Pedro Serafim (PDT), que tinha posse agendada para a sexta-feira.
Vice-prefeito na chapa encabeçada por Hélio de Oliveira Santos (PDT), Vilagra havia tomado posse na manhã de terça-feira. Ele substitui o prefeito eleito, afastado na madrugada do último sábado pelos vereadores, após escândalos de corrupção em sua administração.
A instabilidade política em Campinas é tamanha, que, na prática, o município está sem um gestor desde sábado. A oposição não se dá por vencida. De acordo com o vereador Artur Orsi (PSDB), autor do pedido de afastamento do prefeito Hélio, o presidente da Câmara, Pedro Serafim (PDT), vai pedir a reconsideração da decisão liminar do juiz Mauro Fukumoto. O pedido pode ser feito ainda nesta sexta-feira. Caso a iniciativa não tenha sucesso, a oposição promete recorrer Tribunal de Justiça (TJ-SP).
Denúncia – A vida de Demétrio Vilagra, todavia, não está nem um pouco mais fácil com o retorno. Ao contrário de Hélio de Oliveira Santos, que foi cassado por omissão e negligência com relação aos escândalos, Vilagra foi denunciado por formação de quadrilha, fraude licitatória e corrupção passiva. Os problemas giram em torno da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento de Campinas (Sanasa). Em maio, Vilagra chegou a ser preso durante uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do Ministério Público estadual (MP-SP), mas foi solto mediante um habeas corpus.
A esposa do prefeito cassado de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, Rosely Nassim Santos, que ocupou a chefia de gabinete, é apontada como a líder do esquema da qual Vilagra tem enovolvimento. Rosely Nassim chegou a ter a prisão decretada, mas obteve um recurso judicial. Ela também foi denunciada pelo Ministério Público. A defesa do prefeito Hélio tenta reverter sua cassação junto ao TJ-SP.