Vereador de SP sobre aumento do próprio salário: ‘Justo’
Milton Leite (DEM) diz que aumento é compatível com o vencimento de outros parlamentares do país. Vencimentos passam de 15.031,76 reais para 18.991,68 reais
Favorito a assumir a presidência da Câmara Municipal de São Paulo no próximo ano, o vereador Milton Leite (DEM) foi um dos signatários do projeto que reajustou em mais de 26% o salário dos próprios parlamentares. Minutos antes do início da sessão desta terça-feira, ele disse a VEJA que o aumento tinha “chances mínimas” de passar por falta de “condições políticas”.
Pois essas questões se resolveram rapidamente e o projeto foi aprovado em menos de cinco minutos por 30 vereadores de diferentes partidos, do PSDB ao PT, incluindo Leite. Além dele, assinaram a proposta como membros da Mesa da Casa os vereadores Adilson Amadeu (PTB) e Adolfo Quintas (PSD).
O democrata disse considerar o reajuste “nem muito, nem pouco”, mas “justo” e “compatível com o de outros políticos pelo país”.
Perguntado sobre o desgaste de o aumento vir justamente num momento em que crise econômica assola o país, afirmou que “política salarial é um negócio muito pessoal. O problema é que nós discutimos a nossa”. O vereador também cutucou os colegas que disseram não ao aumento. “Pergunta a eles se vão recusar agora. Pois deveriam, né?”
Por que o sr. é favorável a aumentar o próprio salário? Sou favorável porque é um reajuste abaixo da inflação. A inflação no período (de quatro anos) foi de cerca de 32%. E o nosso reajuste é de 26,3%.
Mas com toda essa crise econômica.. O projeto não vem em má hora, não é uma afronta à população? É um salário compatível com o de outros parlamentares do país. Eu diria que é sustentável. Política salarial é um negócio muito pessoal. Cada categoria deveria discutir a sua. O problema é que nós discutimos a nossa.
O sr. considera 15.000 reais pouco? Não estou dizendo que é pouco ou muito. É justo. Você fala em 15.000 reais. Mas são 11.017 reais (Leite abriu a gaveta e mostrou à reportagem o seu holerite, que é público). Você desconta. Então, não é tanto assim.
E o que o sr. achou dos vereadores que votaram não? Todos que votaram contra vão receber o aumento mesmo assim. É só poser. Gosta de posar de bonitinho. O que é isso? É hipocrisia. Então, diga agora: voto não, mas também não quero. Por uma questão de postura, eles deveriam fazer isso, né?
E o modo como a proposta foi aprovada, em menos de cinco minutos… Foi rápida porque ninguém se inscreveu para falar [com exceção do vereador Toninho Vespoli (PSOL)]. Era só se inscrever para falar. Mas ninguém fez isso, né. Também não vi ninguém dizer que vai recusar o aumento.
Não acha errado votar o próprio aumento? Nós não votamos o próprio aumento, mas votamos para a próxima legislatura.
Sim, mas 33 vereadores foram reeleitos. Não seria melhor, então, ter discutido o aumento no início do ano? Olha, 22 vereadores não renovaram o contrato. E alguns deles até votaram a favor, mesmo com o desgaste. A eleição é um contrato com o povo. O povo te contrata para um trabalho de 4 anos. Não temos férias, não temos 13º. O pessoal também tem que considerar isso na recomposição do salário.