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Testemunhas dizem que Bernardo vivia rotina de humilhações e ameaças

Em depoimento à Justiça, sete pessoas que conviveram com Bernardo afirmaram que o menino era humilhado e ameaçado pela madrasta

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 set 2014, 19h33

As sete testemunhas ouvidas nesta segunda-feira no Fórum de Três Passos, no interior do Rio Grande do Sul, afirmaram que o menino Bernardo Boldrini, assassinado em abril deste ano, enfrentava uma rotina de maus tratos e humilhações. Bernardo vivia com o pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini – ambos apontados como autores do crime. A lista de testemunhas arroladas pelo Ministério Público inclui duas babás, dois vizinhos da família, uma funcionária da clínica médica de Leandro, uma ex-professora e uma secretária do colégio onde o menino estudava.

Durante a audiência, foram relatados casos em que o menino era impedido de comer, acabava ofendido por causa da morte da mãe e ouvia ameaças de que seria internado em uma clínica.

Provocações – A declaração mais dura foi feita pela antiga babá do garoto, Elaine Wentz, que trabalhou na casa da família de março de 2010 a maio de 2011. Ela afirmou que o casal provocava o menino até ele “explodir”. As provocações consistiam em afrontar a memória da mãe, Odilaine Uglione, que se suicidou em fevereiro de 2010, segundo a polícia. Segundo ela, o casal queimava fotografias de Odilaine na frente do garoto. Em outras ocasiões, a madrasta aparecia usando as roupas de Odilaine.

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Apesar de nunca ter visto marcas de agressão no garoto, a ex-babá afirmou que Leandro batia nele com um cinto. A madrasta acompanhava os castigos – “Tem que apanhar mais”, dizia, segundo a testemunha. Numa ocasião, a madrasta chegou a ameaçar Bernardo: “Você não tem solução, tem que ser internado”, relatou Elaine. Ela descreveu o relacionamento de Leandro com o filho como “bem frio”. Disse também que o menino sentia medo do pai e que não presenciava demonstrações de afeto entre os dois.

“Posso te chamar de mãe?” – A ex-babá ainda se lembrou de uma ocasião em que o menino lhe pediu para ser a sua mãe: “Tu já sentiu saudades de alguém? Se sentiu, sabe o que estou sentindo hoje, perguntou Bernardo. Depois, me abraçou e chorou. Posso te chamar de mãe?”, disse a ex-babá durante depoimento. Quando perguntou a ele sobre o que havia ocorrido com a sua mãe, Bernardo teria respondido: “Ela queria matar o meu pai e, como não conseguiu, se matou”.

A sétima e última testemunha a depor, a secretária da clínica de Leandro, Andressa Wagner, relatou que havia sido orientada a expulsar Bernardo do consultório e que Graciele tinha acesso a medicamentos de uso controlado, como o midazolam, substância detectada no corpo do menino em laudo da perícia. Ela também disse que viu Edelvânia Wirganovicz, suspeita de ajudar a madrasta a se livrar do corpo, no consultório na semana em que Bernardo desapareceu – Edelvânia foi a única dos acusados a assistir à audiência. Ela também já havia ouvido de Graciele desabafos sobre “dar um fim” em Bernardo – a frase também foi citada por uma amiga de Graciele, que prestou depoimento na semana passada.

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Sem comida – Terceira a falar no tribunal, a ex-vizinha da família Juçara Petry disse que o menino reclamava de não poder comer das refeições preparadas pela madrasta – ela o mandava fazer o próprio jantar, disse Juçara. Bernardo costumava ir mais de uma vez por semana à casa da empresária. Segundo ela, o menino passava a maior parte do dia com o uniforme escolar por falta de roupas. No meio do depoimento, Juçara começou a chorar quando advogados da acusação lhe mostraram uma mala com roupas de Bernardo. Em uma ocasião, o pai teria comentado com ela que levaria o filho até uma benzedeira. O marido de Juçara, Carlos Petry, também depôs sobre o relacionamento de Bernardo com o casal: “Ele amava o pai, mas detestava a madrasta”.

“Na ponta do facão” – A primeira a prestar depoimento foi a ex-professora do menino Simone Muller. Ela disse que Bernardo tinha problemas de concentração na escola. Relatou também que ouviu da madrasta que Bernardo sofria de esquizofrenia e que corria atrás dela e do pai empunhando um facão. Quando recomendou a Leandro que o levasse a um psicólogo, ele teria respondido que criaria o filho na “ponta do facão”.

A secretária do colégio onde o menino estudava, Rosane Terezinha, que dava carona para Bernardo diariamente, disse que o menino não gostava de voltar para casa. No dia do desaparecimento, Rosane disse que Bernardo estava feliz porque ganharia um aquário. Segundo a investigação da Polícia Civil, esse foi o motivo pelo qual o menino aceitou viajar com a madrasta até Frederico de Westphalen (RS), onde o seu corpo seria encontrado às margens de um rio dez dias depois.

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