A situação de defensores de direitos humanos no Brasil é “sombria” e o governo precisa agir de forma “urgente” para lidar com o problema. O alerta foi emitido pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU que, nos últimos dias, tem acompanhado de perto o assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL no Rio de Janeiro.
Em e-mail ao jornal O Estado de S. Paulo, o órgão das Nações Unidas indicou que “continua a monitorar a evolução do caso (de Marielle) e está em contato com autoridades locais e regionais, em linha com nosso mandato”.
Para a ONU, porém, o caso da vereadora é sintoma de um problema mais amplo. “Infelizmente, o caso de Marielle Franco ocorre em um contexto mais amplo caracterizado por uma situação sombria para defensores de direitos humanos no Brasil”, alertou a entidade.
Informes de diferentes entidades, como Anistia Internacional, apontam o Brasil como o local mais perigoso para o trabalho de ativistas.
De acordo com o escritório da ONU, a situação foi alvo de reuniões entre a entidade e o governo brasileiro. “Em vários diálogos com as autoridades nacionais e também publicamente temos levado nossa preocupação sobre a intimidação e violência que defensores de direitos humanos frequentemente sofrem no país, incluindo vários assassinatos”, apontou a entidade, num e-mail assinado pela porta-voz, Ravina Shamdasani.
“Esperamos aumentar a colaboração com as autoridades brasileiras para lidar com esse problema de direitos humanos de forma urgente”, completou.
Nesta terça-feira, ONGs ainda irão levar a situação dos ativistas brasileiros para a plenária da ONU. Entidades nacionais e estrangeiras denunciarão o estado brasileiro diante da morte da vereadora Marielle Franco. O grupo ainda cobrará investigações imparciais e que o programa de proteção a defensores de direitos humanos seja fortalecido.
A denúncia obrigará o governo brasileiro a responder, diante dos demais estados.