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‘Sequestrador disse que queria entrar para a história’, conta passageiro

Morto por um sniper, o agressor do ônibus chegou a pedir para a polícia ter cuidado para não ferir as vítimas, relata professor Hans Nascimento

Por Jana Sampaio
Atualizado em 21 ago 2019, 04h37 - Publicado em 20 ago 2019, 15h33

O professor Hans Miller Moreno do Nascimento, de 34 anos, estava a caminho do trabalho quando seu ônibus foi sequestrado por Willian Augusto da Silva, 20 anos, no bairro de Mocangue, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Por volta das 5h da manhã, o sequestrador anunciou o ato e pediu para que os passageiros entrassem em contato com a polícia. “No início estávamos todos tensos e preocupados, porque achamos que ele faria um assalto. Muitas pessoas esconderam celular e carteira embaixo do banco, mas logo após o anúncio ele disse que não queria os bens de ninguém, apenas entrar para a história com esse sequestro”, diz Nascimento.

Segundo o professor, o sequestrador estava armado com uma faca de cerca de 50 centímetros e pediu para uma passageira usar o batom para escrever o número de telefone no vidro do ônibus. “Ele queria que a polícia ligasse e começasse a negociar com ele. O tempo todo dizia que a gente ia ter muita história para contar sobre o dia de hoje, mas que não queria nos machucar. O tempo todo tentava nos acalmar”, diz Nascimento.

Durante o sequestro, Nascimento escreveu, escondido do agressor, dois cartazes informando sobre a localização do sequestrador dentro do ônibus. “Coloquei os cartazes entre a janela e a cortina do ônibus. Era uma maneira de facilitar a identificação do sequestrador.”

Apesar das tentativas, houve quem passasse mal e até desmaiasse. O amigo de uma das vítimas, que preferiu não se identificar, disse que a passageira desmaiou três vezes durante o sequestro. De acordo com Nascimento, muita gente passou mal por conta do cheiro da tinta que Willian usou para pintar os vidros de preto. A aparente tranquilidade do sequestrador, no entanto, não o impediu de dizer que queria saber a profundidade da Baía de Guanabara, que fica sob a ponte, dando a entender que se jogaria de lá. “Quando ele perguntou isso, voltamos a ficar tensos porque não sabíamos se ele estava blefando ou se iria se jogar com algum refém. Mas ele dizia constantemente que queria parar o estado com esse sequestro”, diz Nascimento.

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Esposa de um dos passageiros do ônibus, Daniele Caria acordou com as ligações do marido. “Ele conseguiu me ligar e dizer que estava tudo bem. Depois disso, fiquei acompanhando o noticiário pela TV. Hoje, definitivamente, foi o segundo nascimento dele. Só quero encontrar e dar um abraço no meu marido”, diz Daniele.

Willian chegou a se arrepender de ter escolhido um ônibus com tantos passageiros para fazer o sequestro. “Ele dizia que devia ter escolhido uma linha com menos gente. Apesar disso, parecia ter planejado o sequestro com antecedência, porque carregava barbante, gasolina, garrafas pet e braçadeiras para nos manter presos”, relatou Nascimento, que disse que Willian bebia enérgico sem parar para se manter acordado.

Marido de Daniele, Carlos Renato Silva, 48, outro passageiro feito refém dentro do ônibus, conta que avisou o chefe pelo grupo de WhatsApp sobre o sequestro. “Em nenhum momento, achei que ele chegaria a ser morto, mas exalto o trabalho da polícia durante a operação. Foram perfeitos”, disse. “O momento dos tiros foi o mais tenso, ficamos com medo de acontecer o mesmo do que no caso do ônibus 174. Minha preocupação era de ele incendiar o ônibus, mas ele não fez isso”, afirmou Silva.

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