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Quem são os grupos que tentaram impedir o aborto de menina de 10 anos

Gravidez de criança estuprada pelo tio foi interrompida com autorização da Justiça; religiosos e parlamentares protestaram no hospital e houve tumulto

Por Mariana Zylberkan Atualizado em 18 ago 2020, 09h50 - Publicado em 17 ago 2020, 11h37
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  • O aborto da menina de 10 anos que engravidou após sucessivos estupros do tio atraiu manifestantes para a porta do hospital no Recife onde o procedimento foi feito neste domingo 16, após autorização da Justiça. Houve confusão e a Polícia Militar foi chamada para impedir tentativas de invasão ao hospital por parte dos manifestantes contra o aborto.

    Entre os grupos que se mobilizaram em frente ao centro médico para protestar contra o procedimento estão o Movimento Pró-Vida e o grupo católico pernambucano Porta Fidei, que, inclusive, teve a conta no Instagram cancelada após relacionar a interrupção da gravidez com o nazismo, além de divulgar informações sigilosas como o endereço do hospital onde o procedimento foi realizado. Uma das lideres do grupo, Thais Maranhão, gravou um vídeo em frente o hospital em que chama o médico de assassino. Conhecido no Recife por seus posicionamentos conservadores, o grupo católico Porta Fidei foi fundado em 2012 e se tornou alvo de abaixo-assinado online para responder legalmente pelos protestos em frente ao hospital. A reportagem tentou contato com a comunidade, mas ainda não obteve resposta.

    Os manifestantes se ajoelharam e oraram com as mãos levantadas em frente ao hospital. Houve participação também de parlamentares integrantes de partidos que formam a chamada bancada evangélica, como os deputados estaduais pernambucanos Joel da Harpa (PP), Clarissa Tércio (PSC), Clayton Collins (PP), além de Teresinha Nunes (PSDB). 

    Movimentos feministas, como o Fórum de Mulheres, também se mobilizaram no local para defender o direito da vítima de interromper uma gravidez decorrente de estupro.

    Na noite deste domingo, a ativista Sara Winter mobilizou seus seguidores nas redes sociais e divulgou o nome da mãe da menina e o endereço onde o aborto seria realizado. A ação fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Antes de ser tornar ativista de movimentos de direita, Sara integrava o Femen, coletivo feminista que luta pelo direito da mulher ao aborto.

    A menina de 10 anos que mora no Espírito Santo foi levada ao Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, a 218 quilômetros de Vitória, com mal-estar. Os médicos constaram que a menina estava com barriga inchada. Após a realização de exames, constaram gravidez de 22 semanas, quase seis meses. O hospital no Espírito Santo se recusou a fazer o procedimento, afirmando que não há protocolo para interrupção da gravidez com a idade gestacional avançada. A menina, então, foi levada pela avó ao Recife onde o procedimento foi realizado após autorização do juiz Antonio Moreira Fernandes, da Vara de Infância e da Juventude de São Mateus.

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