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Propina a policiais seria dividida com funcionário da controladora do trânsito

Pai do motorista que atropelou o filho de Cissa depõe e diz que PM afirmou ter poder sobre a câmera que fica na saída do túnel onde ocorreu o acidente

Por Leo Pinheiro
9 set 2010, 17h18

Bussamra contou à juíza, em depoimento que durou duas horas, que a primeira frase que ouviu do filho Rafael na madrugada do dia 20 de julho foi: “Pai, aconteceu uma tragédia. Atropelei um menino.”

O empresário Roberto Bussamra, pai do motorista que atropelou e matou o jovem Rafael Mascarenhas, disse em depoimento à Auditoria Militar que a propina de dez mil reais cobrada pelo cabo Marcelo Bigon e pelo sargento Marcelo Leal na noite do acidente seria dividida com outros PMs e com um funcionário da CET-Rio. No impressionante painel dos desmandos envolvidos na morte do filho da atriz Cissa Guimarães, o policial teria garantido a Bussamra poder sobre as imagens gravadas pela câmara da CET-Rio. Elas mostram os dois policiais parando o carro visivelmente danificado de Rafael Bussamra e, em seguida, deixando o local em companhia do motorista. Segundo o depoimento de Roberto Bussamra à juíza Ana Paula Barros, ele teria dito aos PMs que era preciso ir à delegacia, porque as câmeras da CET-Rio haviam registrado o encontro dos dois. A resposta do sargento Marcelo Leal teria sido: “Não tem nada gravado. Eu mando naquelas imagens.”

Bussamra contou à juíza, em depoimento que durou duas horas, que a primeira frase que ouviu do filho Rafael na madrugada do dia 20 de julho foi: “Pai, aconteceu uma tragédia. Atropelei um menino.” O desespero de livrar o filho daquela situação foi o que determinou a aceitação do pedido de dinheiro pelos PMs. A versão de Rafael Bussamra, que depôs em seguida, confirma a do pai. Segundo o jovem, o sargento Marcelo Leal garantiu que tinha poder sobre as imagens porque em casos como esse, a primeira autoridade policial a chegar ao local é quem pode solicitar as imagens. Por isso, ninguém mais poderia ter acesso ao que a câmera registrou.

A juíza Ana Paula Barros informou que os advogados dos policiais militares têm o prazo legal de cinco dias para arrolarem as testemunhas de defesa, segundo prevê o Código de Processo Penal da PM, no artigo 417/2. O advogado do sargento Marcelo Leal, Ekner Maia, chamará como testemunha de defesa Guilherme Bussamra, irmão de Rafael Bussamra. No entanto, o advogado da família Bussamra, Spencer Levy, já declarou que o jovem, que reside e trabalha em São Paulo, prestará depoimento a um juíz local que o enviará à Justiça do Rio por meio de carta precatória. Na lista de testemunhas da defesa, deverão constar os nomes de Gustavo Bullus e André Liberal, caronas, respectivamente, do Honda e do Siena envolvidos no atropelamento.

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Sobre o possível envolvimento da CET-Rio no esquema de corrupção, a promotora Isabella Pena Lucas disse não acreditar nessa tese e afirmou que essa é uma estratégia comum durante pedido de suborno, já que os policias precisavam justificar o alto valor pedido.

Além de Roberto e Rafael Bussamra, ainda foram ouvidos nesta quinta-feira Gustavo Bullus, carona do carro que batia pega com o de Rafael Bussamra, e três policiais militares: o major Gustavo Bastos, da Corregedoria da PM, o cabo Tarsis Dória, que levou os skatistas amigos de Rafael Mascarenhas para registrar a ocorrência na 15ª DP (Gávea) e o cabo Marcio Leal de Mattos, que estava na sala de controle do rádio do 23º Batalhão da Polícia Militar, no Leblon. Esses três quase perderam o depoimento por causa de um erro de data no boletim da PM. Em vez de 9 de setembro, foi publicado que todos seriam ouvidos pela Auditoria Militar no dia 9 de novembro. Por causa da busca aos PMs, a audiência marcada para 11h começou com mais de duas horas de atraso. E só no meio da tarde eles apareceram.

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