Promotoria apresenta segunda denúncia contra João de Deus
O médium está preso sob a acusação de violação sexual mediante fraude e de estupro de vulnerável.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) apresentou, na manhã desta terça-feira, 15, uma segunda denúncia contra João de Deus por crimes sexuais envolvendo cinco mulheres, quatro por estupro de vulnerável – que aconteceram em atendimentos individuais – e uma por violência sexual mediante fraude.
Ao total, foram escutadas treze vítimas para a formulação da nova denúncia contra o médium. Os cinco casos que não tinham necessidade de diligências complementares aconteceram nos estados de Goiás e São Paulo.
João de Deus foi interrogado nesta segunda-feira, 14, pelos promotores Patrícia Otoni, Luciano Miranda Meireles e Augusto César Souza. A audiência durou três horas e aconteceu dentro do Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia, onde o médium está detido desde o dia 16 de dezembro do ano passado.
João de Deus está preso sob a acusação de violação sexual mediante fraude e de estupro de vulnerável. O MP-GO, que formou uma força-tarefa para cuidar do caso, recebeu mais de 330 relatos de abuso sexual e colheu dezoito depoimentos de mulheres para apresentar a primeira a denúncia.
Porém, em cinco casos o MP entendeu que há necessidade de diligências complementares, e nos outros dez, os fatos relatados prescreveram ou decaíram, de acordo com a promotora Gabriella de Queiroz, que integra a força-tarefa do “caso de Abadiânia”, em referência à cidade onde João de Deus mantinha seu centro espiritual. Os quatro casos restantes foram apresentados à Justiça.
Também nesta terça, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás pode retomar a julgamento de um habeas corpus interposto pela defesa de João de Deus. A análise do pedido foi interrompida no último dia 10 depois que o juiz substituto Sival Guerra Pires pediu vistas do processo. Os outros quatro desembargadores do colegiado e o Ministério Público já se manifestaram contra o pedido dos advogados.
Defesa
O advogado do médium, Alberto Toron, disse à reportagem de VEJA que “chega a ser medonho o que os membros do MP estão fazendo no caso João de Deus”. Ele afirma que o interrogatório foi marcado um dia antes e que a defesa não tem tempo para ler os documentos antes do interrogatório”Ele é ouvido e a denúncia (que já estava pronta) é protocolizada na manhã seguinte. É a antítese do que deve ser um processo no Estado democrático de Direito”.
Réu
Na última quarta-feira 9, o médium virou réu por estupro de vulnerável e violência sexual mediante fraude, depois que a juíza Rosângela Rodrigues dos Santos, da comarca de Abadiânia, aceitou denúncia que o acusa de ter cometido os crimes contra quatro vítimas.
Também na semana passada, a Polícia Civil de Goiás indiciou o médium e sua mulher, Ana Keyla Teixeira, por posse ilegal de armas. Em coletiva de imprensa para anunciar o fim da força-tarefa policial sobre os casos envolvendo João de Deus, a delegada Karla Fernandes anunciou ainda que ele foi indiciado por violação sexual mediante fraude. O crime teria sido cometido há três anos contra uma vítima que mora em São Paulo.
Cerca de 600 denúncias de todo o país e do exterior já foram apresentadas às autoridades contra o médium. Desde que foi detido, João de Deus nega todas as acusações feitas contra ele.
(Com Estadão Conteúdo)