O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho afirmou, na noite desta quarta-feira, 13, em uma live nas redes sociais, que a gestão do atual governador Wilson Witzel (PSC) tem “problemas”, provavelmente “de corrupção”. Sem apresentar provas, Garotinho disse que “pode até” investigá-lo, como fez, segundo ele, com o ex-governador Sérgio Cabral, preso na Operação Lava-Jato. Em 2012, Garotinho publicou, em seu blog, fotos de Cabral, em Paris, ao lado de secretários estaduais e de empreiteiros. O grupo dançava com guardanapos na cabeça, episódio que ficou conhecido como “a farra dos guardanapos“.
As declarações de Garotinho ocorreram antes da Operação Favorito, que prendeu o empresário Mário Peixoto, principal fornecedor de mão-de-obra terceirizada nos governos Witzel e Cabral. Na mesma ação, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Paulo Melo também foi preso pela Polícia Federal.
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Clique e Assine“O governo do estado atual está com muitos problemas. Problemas de gestão. Provavelmente de corrupção. Por que eu estou falando provavelmente? Porque, durante o governo Sérgio Cabral, eu montei um grupo de investigação. Tudo o que eu disse foi com prova. Eu tinha nome, endereço, contas deles no exterior, dados das empresas fantasmas. Eu não estou fazendo isso, agora, por enquanto. Pelo menos, por enquanto, eu estou observando. Observo seriamente algumas coisas que estão acontecendo. Mas são investigações paralelas. Eu não estou fazendo porque não tive tempo. Tenho que tocar a minha vida. Tiraram meu emprego na rádio por pressão. Então, tenho que tocar a minha vida. Quem vai pagar as minhas contas no final do mês?”, ressaltou ao ser questionado por um seguidor.
Garotinho lembrou do caso envolvendo a compra de respiradores para pacientes com coronavírus pelo ex-subsecretário-executivo estadual de Saúde Gabriell Neves, preso após ação da Operação Mercadores do Caos, parceria do Ministério Público com a Polícia Civil. A força-tarefa investiga fraudes em contratos sem licitação. Neves foi exonerado por Witzel.
“Não há dúvida que o governador Witzel precisa, de maneira rápida, dar uma chacoalhada no seu governo. Não basta demitir só o subsecretário e o outro funcionário. A questão da saúde é grave. Mas a questão da corrupção, pelo que eu sei e pelo que estou acompanhando, diferente do que eu fiz no governo Cabral, onde me aprofundei… Não que eu não vá fazer com esse (Wilson Witzel). Posso até fazer. Não tenho cargo nenhum. Não devo nada a ninguém. Pelo que eu vejo, os problemas estão se espalhando dentro do governo do estado. Estão se espalhando. Não estão restritos únicos e exclusivamente à Secretaria de Saúde (…) Mas eu não tenho provas materiais”, admitiu Garotinho.
Procurado por VEJA, Witzel ainda não respondeu.
Em fevereiro de 2019, o marido da deputada federal Clarissa Garotinho (Pros-RJ), filha de Garotinho, foi nomeado para um cargo comissionado na Secretaria Estadual de Turismo. Marco Antonio Alvite Vazquez é assessor-chefe da assessoria administrativa da subsecretaria adjunta de gestão da pasta, com salário bruto de 12,4 mil reais, segundo a folha de pagamento de abril deste ano, a última disponível no Portal da Transparência do estado.
Em 2018, Garotinho se candidatou novamente ao governo do Rio. Mas ele foi impedido de disputar o pleito pela Justiça Eleitoral. Embora negue, ele apoiou Witzel informalmente no segundo turno contra o ex-prefeito Eduardo Paes, na época filiado ao MDB. Em outubro do ano passado, Garotinho foi preso pela quinta vez suspeito de participar de um esquema de superfaturamento em contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos e a construtora Odebrecht. Ele sempre negou irregularidades e disse ter sido perseguido politicamente.