Perícia não confirma que menino disparou contra PM, diz TV
Na semana passada, um menino de 10 anos foi morto pela Polícia Militar após uma perseguição. Segundo a versão da corporação, o garoto atirou três vezes contra os policiais antes de ser atingido
A perícia preliminar que apura a morte do menino de 10 anos pela Polícia Militar de São Paulo não encontrou indícios de que foram efetuados disparos de dentro do carro que ele conduzia, segundo a TV Globo. Se confirmado, o resultado contradiz o relato dos policiais, segundo quem o menino foi morto numa troca de tiros com os oficiais.
De acordo com os peritos, a cena do crime também teria sido modificada: o carro roubado pelo menino estava revirado e o corpo dele baleado foi movido. A arma que teria sido usada no confronto, um revólver calibre 38, não foi deixada na cena do crime, mas levada para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso.
Nesta quinta-feira, o exame residuográfico feito pela perícia apontou que havia rastros de pólvora e chumbo nas mãos do garoto, conforme mostrou o jornal Folha de S. Paulo. Delegados do DHPP disseram, porém, que o exame não é conclusivo para confirmar se de fato houve confronto entre o jovem e os policiais. Isso porque bastaria encostar a arma recém-utilizada nas mãos da criança para influenciar os resultados.
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A polícia pretende fazer uma reconstituição do crime, que visa a esclarecer se o menino teria condições de dirigir, abrir e fechar o vidro do carro e ainda atirar com a mão esquerda, mesmo sendo destro. Também deve ser colhido um novo depoimento do colega, de 11 anos, que estava com o garoto no carro. Isso porque ele apresentou três versões diferentes à polícia.
Primeiro, ele disse que o amigo estava armado e que atirou duas vezes contra os policiais durante a perseguição e outra vez depois que bateu em um caminhão e em um ônibus. No segundo depoimento, disse que o menino morto só atirou enquanto era perseguido. Na terceira versão, disse que o amigo não estava armado e que a arma foi “plantada”.
(Da redação)