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Família de menino morto pela PM afirma que ele não tinha arma nem sabia dirigir

A mãe e o tio do menino de 10 anos que morreu na semana passada, após furtar um carro em São Paulo, prestaram depoimento à Polícia Civil nesta terça. Eles contestam a versão da PM de que o garoto atirou contra os policiais enquanto dirigia o veículo

Por Da Redação
8 jun 2016, 09h54

Familiares do menino de 10 anos morto pela Polícia Militar na última quinta-feira, em São Paulo, afirmaram nesta terça-feira, em depoimento prestado no Departamento de Proteção à Pessoa (DHPP), que a criança não tinha arma, não sabia atirar nem dirigir. O garoto e um amigo, de 11 anos, furtaram um veículo dentro de um condomínio na Vila Andrade, na Zona Sul da capital paulista, na semana passada e foram perseguidos pela polícia. Segundo a versão dada pela PM, o mais novo teria atirado três vezes contra os agentes, enquanto conduzia o veículo.

A mãe do garoto, Cintia Francelino, de 29 anos, foi a primeira a ser ouvida na delegacia. Além de reafirmar que nunca viu o filho armado e ressaltar que ele não sabia dirigir, Cintia criticou a conduta dos policiais militares envolvidos na ocorrência. Ela afirmou que só ficou sabendo da morte do filho por volta das 23h40, quase cinco horas depois de ele ter sido morto com um tiro na cabeça, pelos pais do menino que sobreviveu.

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Segundo Cintia, após buscar informações no Instituto Médico Legal (IML) do Brooklin, e seguir para o IML Central, onde estava o corpo do filho, ela chegou ao DHPP por volta de 0h30. Os PMs disseram a ela que o menino havia praticado roubo e atirado neles. Um dos policiais mostrou a arma que estaria com o garoto.

Alex Jesus Siqueira, tio do menino, contou que cuidava do garoto com a ajuda da avó, enquanto a mãe e o pai não estavam em casa. Ele afirmou desconhecer o fato de o menino andar armado e dirigir.

Os dois porteiros que trabalham no condomínio invadido pelos meninos também foram ouvidos. Eles afirmaram que não perceberam quando os garotos entraram no prédio e disseram que a saída deles com o carro de um dos moradores foi liberada porque não se notou nada de errado.

No último domingo, o menino de 11 anos mudou mais uma vez a versão dos fatos. À Corregedoria da Polícia Militar, o garoto disse que ele e o amigo não estavam armados e que o revólver apreendido calibre 38 foi “plantado” pelos policiais na cena do crime. No segundo depoimento, prestado na sexta-feira, no DHPP, ele havia dito que o amigo estava armado e atirou três vezes contra os PMs durante a perseguição, mas quando o carro bateu, e parou, um PM se aproximou e matou o amigo. Ele também relatou que levou um tapa no rosto e foi ameaçado pelo policial. Na primeira versão, gravada em vídeo pelos PMs, o menino confirmava a versão da polícia de que o amigo foi morto durante o confronto – e não quando o carro estava parado.

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Testemunhas – Nesta quarta-feira, a Corregedoria da Polícia Militar vai ouvir uma testemunha que afirma ter escutado um disparo de arma de fogo partindo do carro ocupado pelos meninos. Segundo a edição desta quarta do jornal Folha de S. Paulo, o advogado Marcos Gomes, de 45 anos, estava buscando seu carro na rua em que teria ocorrido a troca de tiros.

Gomes será uma das testemunhas de defesa dos policiais militares envolvidos na ação, que resultou na morte do menino. “Quando passaram por mim, eu ouvi um disparo de arma de fogo do carro dos garotos contra o carro da polícia. Foi tão próximo de onde eu estava que até abaixei”, contou a jornal. “Não estuo defendendo ninguém. Estou dizendo o que eu vi. Sou advogado e sei das implicações do meu testemunho”, disse.

O presidente do Conseg (conselho de segurança) do Portal do Morumbi, Celso Cavallini, afirma ter presenciado a gravação do vídeo feito pelos policiais na noite do ocorrido. Ele também se colocou à disposição da polícia, de acordo com o jornal. “Se pegar esse menino de novo, ele vai dar outra versão. Vai contar quatro, cinco versões. Eu posso dizer uma coisa: aquela primeira versão foi espontânea”, afirmou.

(Com Estadão Conteúdo)

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