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Pastor Marcos Pereira é acusado de encenar ‘salvação’ de crianças viciadas em crack

Ex-funcionário afirmou à Polícia Civil que pastor mandou distribuir dinheiro para crianças comprarem a droga e serem filmadas. ONG ligada a Marcos Pereira recebeu R$ 1 milhão do governo federal para recuperar dependentes químicos

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
13 Maio 2013, 12h45
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  • As denúncias registradas em depoimento à Polícia Civil do Rio, por pessoas que já foram de alguma forma ligadas ao pastor Marcos Pereira, caso confirmadas, terão desvendado uma atrocidade sem parâmetro de comparação cometida contra crianças e adolescentes em situação de risco. Além dos estupros e dos estímulos a ataques do tráfico e a rebeliões em presídios, o líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias está sendo acusado de dar dinheiro para crianças consumirem crack. Tudo isso para encenar – e filmar! – a suposta recuperação dos dependentes químicos.

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    Diz um trecho do depoimento de um ex-colaborador do pastor, feito à Delegacia Especial de Combate às Drogas (DCOD), em 22 de março de 2012: “O pastor Marcos, em sua ânsia de aparecer na mídia, pediu (à testemunha) que realizasse uma simulação de crianças consumindo crack em alguma comunidade e isso foi filmado; que o declarante, então, recusou-se a executar tal farsa”. O depoimento detalha o mecanismo escolhido pelo pastor para montar a cena: pessoas escolhidas por ele deveriam dar 100 reais a um grupo de crianças para que elas comprassem a droga e a consumissem. O momento da queima nos cachimbos seria filmado e, logo em seguida, as crianças receberiam mais 100 pelo “serviço”.

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    Como a testemunha não levou a cabo o projeto, não é simples comprovar que crianças receberam dinheiro para consumir a droga. Mas há, na internet, um vídeo com crianças e adolescentes de rosto encoberto sendo conduzido – com ajuda de outras crianças – para uma unidade da Adud.

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    O depoimento da testemunha mostra ainda a reação que Marcos Pereira teria demonstrado diante da recusa de seus funcionários e colaboradores. “São todos burros”, disse ele.

    Oferecer dinheiro a crianças em situação de risco apenas para produzir um vídeo e dar popularidade a uma instituição que se diz dedicada a recuperar usuários de drogas é uma atrocidade inaceitável. A denúncia ganha cores ainda mais dramáticas se levadas em conta as verbas repassadas para o pastor: o Instituto Vida Renovada (IVR), ligado à Adud, firmou convênio com o Fundo Nacional Antidrogas, no valor de 1 milhão de reais, para a realização de seminários para formação de 2.880 multiplicadores sociais para atuarem em ações de prevenção do uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas, entre elas o crack. O Instituto também recebeu 216.000 reais da prefeitura de São João de Meriti, no estado do Rio de Janeiro, em 2012 para “execução e manutenção do centro de atendimento ao público egresso do sistema prisional, dependentes químicos e moradores de rua”. A ONG não recebeu verba do governo estadual, segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios.

    O site do IVR diz que em 2011 foram realizados mais de 4.000 atendimentos nas áreas social, jurídica e psicológica. Afirma ainda que seu abrigo em São João de Meriti atende oitenta homens e quarenta mulheres oriundos da marginalidade, das penitenciárias e da dependência química.

    O levantamento que mostrou repasses do governo federal ao IVR foi feito pelo Contas Abertas, e mostra que, entre 2011 e 2012, o grupo também recebeu a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República empenhou (reservou para pagamento posterior) 400.000 reais para implementação do “Centro de Referência em Direitos Humanos no Instituto Vida Renovada”. O objetivo do projeto é “garantir a orientação geral sobre direitos humanos a qualquer vítima de violação de direitos” e prestar “atenção jurídica, psicológica e social a detentos, egressos do sistema prisional, seus familiares, comunidades e população em geral, bem como a pessoas com deficiência, idosos, quilombolas, indígenas, assentados, afrodescendentes, população GLTB e ciganos”.

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