Com agência Reuters
O presidente do Banco Central Henrique Meirelles avaliou nesta segunda-feira que, depois de uma série de medidas adotadas pelo governo, as operações de crédito no país se normalizam. Segundo ele, a concessão média diária de empréstimos em novembro (até o dia 26) cresceu 4,7% em relação a outubro e 1% em relação ao início de agosto, num momento anterior ao colapso do banco americano Lehman Brothers.
Entre os dados apontados como evidências da retomada, Meirelles citou ainda o número de Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC), que subiu para uma média semanal de mais de 220 milhões de dólares entre o final de novembro e o início de dezembro, superando a média de 2008. “Esse valor é mais que suficiente para as empresas rolarem dívidas”, afirmou em seminário na capital paulista. Ele também fez questão de ressaltar que 94 bilhões de reais já foram liberados em depósitos compulsórios.
O presidente do BC não mencionou, porém, a política monetária, cuja taxa básica de juros foi mantida em 13,75% ao ano, diferente do que ocorreu em outras nações, onde os juros foram reduzidos para tentar reanimar a economia abatida pela turbulência global. “A crise atinge os países de formas diferentes. Temos de ter cuidado para não prescrevermos remédios iguais”, disse.
Ainda segundo ele, o Brasil foi alcançado pela crise num momento de elevado nível de crescimento econômico, o que não aconteceu nos Estados Unidos e na China. “O Brasil entrou na crise com velocidade bastante acelerada. Os números mais recentes ainda são similares aos que até pouco tempo eram considerados muito bons.”
Para Meirelles, o canal de crédito internacional para empresas domésticas foi o que atingiu o país de forma mais aguda. Por isso, a autoridade monetária se concentrou nesse front, incluindo redução dos empréstimos compulsórios, criação de novas linhas de ACC e abertura do redesconto para instituições financeiras com problemas de liquidez.
Fed – Os empréstimos a empresas brasileiras com reservas internacionais do país, anunciados na semana passada, devem ter como fonte de recursos a linha de 30 bilhões de dólares de swap do Federal Reserve com o Banco Central do Brasil, conforme declarou Meirelles. Os recursos do Fed seriam sacados em parcelas de 5 bilhões de dólares.