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Pai considerava Rugai “menino perigoso”, diz testemunha

Advogados de defesa agora tentam relacionar assassinatos ao tráfico de drogas

Por Luciano Bottini Filho
19 fev 2013, 13h40

Testemunha de acusação ouvida no segundo dia de julgamento de Gil Rugai, o instrutor de voo Alberto Bazaia Neto disse ao tribunal que o pai do acusado, Luís Carlos Rugai, assassinado junto com a esposa em 2004, chamou o réu de “menino perigoso”. A testemunha contou que Luís Carlos disse ter expulsado o filho de casa, depois de o rapaz confessar um golpe na produtora de filmes da família. Segundo o instrutor, a vítima reclamou do filho na quarta-feira, 24 de março de 2004. O crime ocorreu quatro dias depois, na noite de domingo, quando Luís Carlos e Alessandra Troitino foram mortos com tiros nas costas dentro de casa, na Zona Oeste de São Paulo.

“Ele [Luís Carlos] falou que teria dado o prazo até às 18 horas de quarta-feira para o filho sair de casa, apresentar um plano para devolver o dinheiro, caso contrário, ele iria à policia tomar as providências”, disse Bazaia Neto. Para a testemunha, o pai disse que Gil Rugai afirmou que não tinha um motivo específico para desviar o dinheiro, e que o teria feito com o único objetivo de prejudicar o pai.

A conversa, segundo a testemunha, ocorreu em uma aula de voo entre Itu e Sorocaba. No dia, ao contar a situação para o instrutor, Luís Carlos passou mal e interrompeu o voo. Ante disso, a vítima teria sido “sempre uma pessoa alegre e extrovertida” e “um dos seus alunos mais aplicados”.

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A defesa questionou como uma homem de 40 anos teria feito revelações a um instrutor tão jovem – na época do crime Bazaia tinha 20 anos. “(Tenho) vários amigos empresário, amigos de muito mais idade do que eu”, respondeu Bazaia Neto. O defensor Marcelo Feller então perguntou: “Eles também se abrem sobre problemas pessoais deles?” A testemunha disse que alguns sim, outros não.

Defesa e acusação discutiram em plenário quando os advogados de Rugai mostraram ao júri reportagens sobre apreensões de cocaína na região do aeródromo de Itu, onde a família de Bazaia Neto dá aulas de voo. Além disso, os advogados de Rugai citaram o pai da testemunha, Alberto Bazaia Junior, como proprietário de um terreno onde as drogas foram apreendidas, segundo o inquérito do caso. “O pai [de Bazaia Neto] não é réu no processo”, ressaltou o assistente de acusação Ubirajara Mangini diante do júri.

Linha da defesa – Com base nas acusações feitas a Bazaia e sua família no julgamento, a defesa pretende sustentar sua nova linha de atuação: relacionar as mortes de Luís Carlos e Alessandra ao narcotráfico. Um dos advogados de defesa, Marcelo Feller, afirmou nesta terça-feira que consta no processo que o casal tinha 400 gramas de maconha no forro do quarto do casal no dia do crime. “Eles eram traficantes? Muito provavelmente não. São vítimas, eles eram usuários e essa informação existe no processo desde sempre”, afirmou.

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Segundo Feller, o aerodromo de Itú, onde Luiz Carlos tinha aula de voo, é um “grande centro de distribuição de drogas”. O advogado diz que Luís Carlos gravou cenas desse local por uma câmera instalada no seu avião em uma de suas viagens, um dia antes de sua morte. “Luís Rugai estava filmando suas aulas, ou seja, ele angariou imagens do que acontecia no aeródromo. Quando que souberam de suas imagens? Um dia antes de sua morte”, afirmou o advogado.

A defesa afirmou que levaria ao júri os nomes de duas pessoas que seriam os assassinos de Luís Carlos e Alessandra. A acusação afirmou se tratar de um blefe: “Nunca apareceu outro suspeito nesse processo”, disse o advogado da família de Alessandra, Ubirajara Mangini.

Delegado – O delegado Rodolfo Chiarelli, responsável pelo inquérito que denunciou o Gil Rugai, foi a segunda testemunha ouvida no segundo dia de julgamento. Chiarelli justificou a mudança de depoimento de Domingos de Oliveira, vigia da rua onde ocorreu o crime e uma das principais testemunhas do caso. Nos primeiros depoimentos, ele afirmou não reconhecer as duas pessoas que viu saindo da casa das vítimas na noite do crime. Depois, afirmou que uma delas era Gil Rugai.

Segundo o delegado, uma funcionária da delegacia ouviu Domingos afirmar “Eu sei quem é o assassino, mas não sou bobo de dizer”. A funcionária relatou o que havia escutado de Oliveira ao delegado, e o vigia foi chamado novamente para prestar esclarecimentos e então contou o que havia testemunhado.

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Chiarelli também negou que o vigia, que chegou a ser colocado em um programa de proteção à testemunha, tenha sofrido ameaças por parte de policiais. Ele afirmou que não tinha informações de onde o vigia estava depois de entrar no programa de proteção. “Nosso interesse era preservá-lo de todas as formas legais possíveis.” O delegado explicou que nenhum veículo da Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) esteve na residência do vigia, a não ser quando Domingos foi levado para a polícia depois de se dizer incomodado com um carro de reportagem que parou próximo a sua casa. O vigia afirmou no tribunal do júri, na segunda-feira, que homens que se identificaram como policiais foram a sua casa e fizeram ameaças durante o inquérito.

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