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Como Lira se movimenta nos bastidores para definir seu herdeiro político

O presidente da Câmara planeja lançar um de seus filhos na disputa por uma cadeira de deputado em 2026

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jun 2024, 16h44 - Publicado em 24 Maio 2024, 06h00

O futuro do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), domina as principais rodas de especulações em Brasília. Em oito meses, o parlamentar alagoano descerá de uma das mais importantes cadeiras da República e voltará à planície, misturando-se aos demais 512 colegas. Quem conversa com ele tem a certeza de que o seu maior objetivo hoje é manter poder e influência quando deixar o cargo. Aliados mais próximos do deputado espalham que xerifes de Lula, como os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda), já chegaram a sondá-lo para assumir um ministério no ano que vem — proposta que, ao menos por ora, não estaria em seus planos. No curto prazo, Lira leva a cabo a estratégia de eleger o sucessor para chegar às eleições de 2026 forte o suficiente para alçar o mais alto voo político desde que assumiu o primeiro mandato, há 31 anos.

ALTERNATIVA - Arthurzinho: mais vocação para a iniciativa privada
ALTERNATIVA - Arthurzinho: mais vocação para a iniciativa privada (Cristiano Mariz/.)

Depois de ser vereador, deputado estadual e deputado federal, Arthur Lira projeta disputar uma cadeira no Senado. A trajetória é inspirada nos passos do próprio pai. Benedito de Lira, o Biu, que também entrou jovem na política, percorreu os mesmos mandatos seguidos até aqui pelo rebento, virou senador e atualmente é prefeito de Barra de São Miguel. Em 2011, Biu deixou a Câmara dos Deputados para se tornar senador. Na mesma eleição, Arthur estreou como deputado federal. Agora, ao traçar os planos de concorrer ao Senado, o hoje presidente da Câmara quer manter a tradição e planeja lançar um de seus filhos na disputa por uma cadeira de deputado em 2026. O preferido para o papel de herdeiro é o jovem Álvaro Lira, de 18 anos. Assim como o pai, Alvinho, como é chamado, é fanático por vaquejada, tem idolatria por cavalos de raça, costuma ter o nome anunciado nos eventos esportivos e já tem algum trânsito entre políticos e parlamentares engajados no setor.

Talentoso e bom de conversa, ele já confessou ter vontade de seguir os passos do pai. Além de ter pedido votos a Jair Bolsonaro em 2022, mandou uma mensagem de agradecimento ao capitão após a derrota. “Nossa história não termina aqui”, escreveu em uma rede social. Uma questão etária, porém, pode inviabilizar qualquer intenção de Alvinho chegar a Brasília na próxima eleição. Ele completa 21 anos, a idade mínima para ser deputado federal, apenas em março de 2027. O problema é que a posse no Congresso acontece no mês anterior, o que o impediria de assumir o mandato, caso eleito. Chegou-se inclusive a estudar precedentes jurídicos que permitissem a assunção ao posto, mas ainda não há uma solução para o impasse. Reeditando a trajetória inicial do pai e do avô, o nome de Alvinho também já foi citado como um possível candidato a vereador neste ano — nesse caso, ele já estaria apto a concorrer.

APOSENTADORIA - Lira e Biu: o patriarca deve disputar sua última eleição
APOSENTADORIA - Lira e Biu: o patriarca deve disputar sua última eleição (@oficialarthurlira/Instagram)

O outro candidato a herdeiro político é Arthur Lira Filho, de 24 anos. Arthurzinho mora em Brasília, onde atua no ramo da publicidade. Hoje, não haveria nenhum impeditivo legal para ele entrar numa disputa eleitoral. Lira pai não poupa elogios a Arthurzinho e, em rodas íntimas, também o considera pronto a seguir seus passos. Pessoas próximas, no entanto, dizem que Alvinho é mais articulado no meio político que o irmão mais velho, que inclusive já sinalizou preferir a vida privada. Mas nada que não possa mudar.

OPONENTES - Renanzinho e Renan: os Calheiros formam o clã rival no estado
OPONENTES - Renanzinho e Renan: os Calheiros formam o clã rival no estado (@renafilho/Instagram)

A herança política não é uma novidade em Alagoas. Os Calheiros, o principal grupo oponente aos Lira, seguem na mesma direção. Decano no Senado, onde cumpre o quarto mandato consecutivo, após ser deputado estadual e federal, Renan Calheiros também abriu caminho ao primogênito. Renanzinho estreou na política aos 25 anos como prefeito, foi deputado federal, governador e chegou ao Senado nas últimas eleições. Está licenciado enquanto ocupa o cargo de ministro dos Transportes. A família também já tem o horizonte rascunhado: enquanto o pai planeja uma nova disputa ao Senado em 2026, o herdeiro deve tentar retornar ao governo de Alagoas. O filho também já confessou o sonho de seguir a carreira do pai, três vezes presidente do Congresso. Hoje, nada acontece em Alagoas sem a bênção de um dos dois clãs — e, ao que tudo indica, continuará assim por um longo tempo.

Publicado em VEJA de 24 de maio de 2024, edição nº 2894

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