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O medo de não ter o celular à disposição cria uma nova fobia

Por Por Katia DOLMADJIAN
9 abr 2012, 12h25

Sentir-se muito angustiado com a ideia de perder seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele por mais de um dia é a origem da chamada “nomofobia”, contração de “no mobile phobia”, doença que afeta principalmente os viciados em redes sociais que não suportam ficar desconectados.

Em fevereiro, um estudo realizado com cerca de mil pessoas no Reino Unido, país onde a palavra “nomofobia” surgiu em 2008- revelou que 66% dentre eles se diz “muito angustiado” com a ideia de perder seu celular.

A proporção chega a 76% nos jovens de 18-24 anos, segundo uma pesquisa realizada pela empresa de soluções de segurança SecurEnvoy. Cerca de 40% das pessoas consultadas afirmaram possuir mais de um aparelho.

“O fenômeno aumentou com a chegada dos smartphones e de planos ilimitados. Cada um pode ter acesso a uma infinidade de serviços: saber onde está, se existem restaurantes nas proximidades, comprar passagem para o fim de semana, planejar a noitada, etc”, resume à AFP Damien Douani, especialista em novas tecnologias da agência FaDa.

“Há alguns anos, o SMS já era uma forma de nomofobia. Falávamos até da ‘geração de polegadas’ para descrever quem enviava mensagens sem parar. Contudo, a internet móvel via smartphone, é o SMS 10.000 vezes mais poderoso”, explica.

“O reflexo do Google foi transferido para o mobile: se preciso de uma informação e encontro resposta para tudo, isso é a facilidade encarnada”, ressalta Damien Douani.

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– Vício –

Aproximadamente 22% dos franceses admitem ser “impossível” ficar por mais de um dia sem celular, segundo uma pesquisa realizada em março pela empresa Mingle com 1.500 utilizadores. Esta porcentagem chega a 34% entre os jovens de 15-19 anos.

Entre as pessoas consultadas 29% afirmaram que conseguem ficar sem o telefone por mais de 24 horas, “mas dificilmente”, contra 49% que acreditam conseguir “sem problema”.

“Podemos compreender que as pessoas sejam viciadas em seus smartphones, pois elas têm toda a vida programada ali, e se, por acaso, perderem o aparelho ou ele quebrar vão ficar isoladas do mundo”, ressalta o escritor Phil Marso, organizador do Dia Mundial sem Celular, que acontece nos dias 6, 7 e 8 de fevereiro todos os anos.

“É uma ferramenta que desumaniza. Um dia na rua, uma pessoa que procurava um caminho me mostrou seu smartphone com o mapa da área na tela ao invés de me perguntar onde era a rua que procurava”, conta.

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“Paralelamente a isso tudo, as redes sociais estão criando laços com as comunidades e há uma necessidade de constante atualização e consulta em todos os momentos. Se houvesse um pequeno contador em cada telefone contabilizando o número de vezes que cada pessoa acessa as redes, ficaríamos surpresos”, acrescenta Damien Douani.

Este especialista fala de uma “real extensão do campo de vício”: “Existe nessa síndrome ‘eu estou o tempo todo conectado’, ‘eu verifico meu telefone sempre que'”.

“Estamos em uma sociedade robótica em que devemos fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Uma parte da população acha que, se não estiver conectada, perde alguma coisa. E se perdemos alguma coisa, ou se não podemos responder imediatamente, desenvolvemos formas de ansiedade ou nervosismo. As pessoas têm menos paciência”, segundo Phil Marso, autor em 2004 do primeiro livro escrito inteiramente em SMS.

“O smarpthone destruiu uma forma de fantasia. Tudo está disponível em uma tela e não há mais espontaneidade ou surpresa, como encontrar um restaurante sem querer. Nós estamos matando o inesperado”, acredita.

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