‘Não desejo isso para ninguém’, diz Calero sobre pressão
Em entrevista coletiva na tarde deste sábado, ex-ministro da Cultura disse que Geddel Vieira de Lima vive em 'um mundo à parte'
Em entrevista coletiva na tarde deste sábado, o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, reafirmou que o motivo principal de seu pedido de demissão foi a pressão que sofreu do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira de Lima. Na edição deste sábado do jornal Folha de S. Paulo, Calero acusou Lima de tê-lo pressionado a produzir um parecer técnico para liberar a construção do empreendimento imobiliário La Vue Ladeira da Barra, nos arredores de uma área tombada em Salvador, na Bahia.
Na entrevista, Calero disse que o articulador político do governo Temer o procurou cinco vezes para que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão subordinado à Cultura, aprovasse um projeto imobiliário nos arredores de uma área tombada em Salvador, base de Geddel.
“Não desejo isso pra ninguém estar diante de uma pressão politica diante de um caso claro de corrupção. Venho aqui de cabeça erguida e peito aberto. Desde o primeiro momento eu fui muito claro que nada fora do script, roteiro, iria acontecer. Nem que isso custasse eu sair do ministério. Tenho uma responsabilidade com as pessoas em nome de um projeto”, disse o ex-ministro aos jornalistas, segundo o portal G1.
Após a repercussão da entrevista, Geddel confirmou ter tratado do tema com Calero e admitiu ter comprado, em 2015, o apartamento no 23° andar, mas ele negou que tenha feito algum tipo de pressão. “Essa história está mal contada. Como justifica o pedido de demissão se ele foi prestigiado na posição dele. Ele poderia ter se sentido constrangido se tivesse sido forçado a tomar uma posição que não quisesse”, rebateu.
Calero reafirmou que acredita que os interesses pessoais não poderiam ter chegado a esse ponto e criticou a reação de Geddel. “É um mundo à parte. Esse cara é louco, esse cara é maluco. Parece que muitas vezes essa classe tem um descolamento totalmente alheio à situação das pessoas”.
O substituto de Calero no ministério, Roberto Freire, já havia sido cogitado para assumir a Cultura quando Dilma Rousseff foi afastada da presidência, em maio. Ele exerce o sétimo mandato na Câmara dos Deputados e foi um dos maiores defensores do impeachment da petista.