Rafael, seu irmão mais velho, Guilherme, e o pai, Roberto Martins Bussamra, serão denunciados ao MP por corrupção ativa do sargento Marcelo Leal e do cabo Marcelo Bigon
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O estudante Gabriel Ribeiro, 19 anos, será indiciado por homicídio doloso pela morte do músico Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães. O inquérito sobre o atropelamento concluiu que Gabriel estava fazendo um ‘pega’ com Rafael Bussamra, motorista do Siena preto que atingiu o músico. A delegada Bárbara Lomba, da 15ª Delegacia Policial (Gávea) responsável pelas investigações, anunciou nesta quinta-feira que Bussamra foi indiciado por homicídio doloso, fraude, corrupção ativa e fuga. O pai do atropelador, Roberto Bussamra, responderá à justiça por fraude e corrupção ativa, enquanto seu irmão Guilherme será indiciado por fraude, já que tentou, com o pai, encobrir os indícios do crime no carro. Os investigadores concluíram que, embora não tivesse intenção de matar, Bussamra assumiu e ignorou os riscos de atropelar as pessoas que estavam no túnel.
Rafael Mascarenhas, 18 anos, filho de Cissa e do músico Raul Mascarenhas, foi atropelado por Rafael Bussamra no dia 20 de julho. Ele e os amigos Luís Quinderé e João Pedro Gonçalves andavam de skate no Túnel Acústico, na Gávea, que estava fechado ao trânsito para manutenção. Rafael chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado com vida para o hospital Miguel Couto, no Leblon, que fica muito perto do local do acidente. Lá, foi operado, mas não resistiu.
A tragédia de Cissa Guimarães comoveu o Brasil. Mas o caso teve sua repercussão amplificada depois que veio à tona o que aconteceu depois do atropelamento. O Siena preto que Rafael Bussamra dirigia foi parado pelos policiais militares Marcelo Leal e Marcelo Bigon na saída do Túnel Acústico, e depois liberado. Avisados por Rafael do que havia acontecido, o pai e o irmão do jovem foram ao encontro dos dois PMs que, segundo relato de Roberto Bussamra à delegada Bárbara Lomba, exigiram 10 000 reais para não registrar a ocorrência e liberar o carro. Bussamra pagou mil reais e combinou que entregaria o restante no dia seguinte. O pai e o irmão de Rafael Bussamra levaram o carro para uma oficina que faria os consertos necessários a apagar os vestígios do atropelamento. Mas a notícia de que Rafael Mascarenhas era filho de Cissa Guimarães, e estava morto, interrompeu a operação.
O inquérito tem 250 páginas, e ouviu 36 pessoas entre os acusados e testemunhas. Rafael, seu irmão mais velho, Guilherme, e o pai, Roberto Martins Bussamra, serão denunciados ao MP por corrupção ativa do sargento Marcelo Leal e do cabo Marcelo Bigon. Segundo o empresário, a família pagou o suborno por se sentir ameaçada pelos PMs. Ele se declarou vítima de extorsão, mas o inquérito concluiu que a corrupção se deu pela concordância das duas partes, dos que receberam o suborno e dos que pagaram. Marcelo Leal e Marcelo Bigon já estão respondendo por corrupção passiva na Justiça Militar. Eles estão presos no Batalhão Especial Prisional, em Benfica, Zona Norte do Rio de Janeiro.
A atitude de Bussamra é o exemplo mais eloquente de uma série de desrespeitos a limites envolvidos no caso. A começar pelo próprio trio que praticava skate no túnel fechado, o que é proibido porém não fiscalizado pelas autoridades, que fazem vista grossa em toda a cidade. Na sequência, vêm os motoristas que faziam pega, prática proibida e perigosa; a atitude dos motoristas dos dois carros, que não pararam para prestar socorro; a propina aos policiais; a tentativa de apagar os vestígios do atropelamento; e a desistência motivada pela informação de que a vítima era filho de uma atriz famosa. O indiciamento de Gabriel Ribeiro como co-responsável pela morte de Rafael Mascarenhas foi justificada pela delegada Bárbara Lomba: “estar em velocidade, dentro do túnel interditado, indica que os autores previram o que podia acontecer e aceitaram aquilo como algo tranquilo para eles.”